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Obama e Hollande: estilos diferentes, mas interesses comuns

Especialistas observam interesses comuns entre o presidente americano e o político socialista recém-eleito na França em temas como Irã e o euro

O político socialista, que substituirá no dia 15 de maio Nicolas Sarkozy, passará quase toda a sua primeira semana de mandato em solo americano: de 18 a 21 deve participar da cúpula do G8 em Camp David e da Otan em Chicago (Pierre Andrieu/AFP)
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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2012 às 13h39.

Washington - A eleição do novo presidente francês, François Hollande, suscitou grande curiosidade nos Estados Unidos e algumas preocupações sobre sua posição em relação à guerra do Afeganistão, mas especialistas observam interesses comuns com o presidente Barack Obama em temas como Irã e o euro.

O político socialista, que substituirá no dia 15 de maio Nicolas Sarkozy, passará quase toda a sua primeira semana de mandato em solo americano: de 18 a 21 deve participar da cúpula do G8 em Camp David e da Otan em Chicago (Illinois, norte).

Durante uma conversa por telefone no domingo, o presidente Obama felicitou o futuro governante e fez um convite para que vá visitá-lo na Casa Branca, o que demonstra interesse da presidência americana em um país aliado, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e que ainda tem 3.600 soldados mobilizados no Afeganistão.

E é em torno deste tema que as relações entre Obama e Hollande podem começar com o pé esquerdo, já que, durante sua campanha, o francês prometeu retirar os militares antes do fim de 2012, dois anos antes do cronograma da Otan. Sarkozy havia proposto a data para o fim de 2013.

"Seria uma decisão unilateral (de Paris), que teria um efeito ruim, mas também não é o fim do mundo, não é o que sacudirá a cúpula", afirmou Justin Vaisse, especialista em relações transatlânticas do Instituto Brookings de Washington.

Já Charles Kupchan, do centro de reflexão "Council on Foreign Relations", destacou que Obama, durante sua visita a Cabul na semana passada, "deu sua aprovação para o fim da missão, e não será difícil encontrar um acordo que satisfaça a todos" em Chicago.


Para Vaisse, Obama está especialmente concentrado em temas de política externa que podem afetar suas chances de alcançar um segundo mandato nas eleições presidenciais de 6 de novembro: Irã e a crise da Eurozona.

Sobre a questão nuclear iraniana, Hollande "afirmou que manterá a postura firme" da França, mas - em contraposição a Sarkozy - pode aceitar que o Irã leve adiante um programa nuclear civil, um possível ponto em um acordo com o grupo 5+1 (Alemanha, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Estados Unidos), que se reunirá em Bagdá no dia 23 de maio, segundo o analista.

Em relação à crise da Eurozona, os Estados Unidos "querem equilibrar (o plano de) austeridade a qualquer custo da Alemanha", disse Vaisse.

"Acredito que ouviremos comentários por parte dos americanos apoiando a posição de Hollande sobre o fato de que não se pode buscar apenas a austeridade, é preciso um equilíbrio entre o reequilíbrio orçamentário" e o crescimento, destacou Heather Conley, diretora do programa europeu do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS, em inglês).

"Obama receberá de braços abertos um dirigente europeu com a mensagem 'mais crescimento e menos austeridade'. É o que Washington diz à Europa desde o início da crise financeira, (mesmo que) a obsessão da (chanceler alemã Angela) Merkel pela austeridade tenha terminado por se impor", destacou Kupchan.

Mas "esta evolução da política francesa não deixa de ter riscos: os mercados podem não apreciar a política interna de Hollande (...) e podemos ver um novo ciclo de instabilidade financeira, que é a última coisa que Obama deseja", acrescentou o especialista.

De maneira geral, "espero que Paris retroceda um pouco e que Hollande não assuma a linha de frente, como Sarkozy fez com temas como Líbia, Irã e Oriente Médio. Penso que será um dirigente mais cauteloso", considerou Kupchan.

Mas, de qualquer forma, o analista espera que Hollande mantenha uma relação próxima com Washington.

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Washington - A eleição do novo presidente francês, François Hollande, suscitou grande curiosidade nos Estados Unidos e algumas preocupações sobre sua posição em relação à guerra do Afeganistão, mas especialistas observam interesses comuns com o presidente Barack Obama em temas como Irã e o euro.

O político socialista, que substituirá no dia 15 de maio Nicolas Sarkozy, passará quase toda a sua primeira semana de mandato em solo americano: de 18 a 21 deve participar da cúpula do G8 em Camp David e da Otan em Chicago (Illinois, norte).

Durante uma conversa por telefone no domingo, o presidente Obama felicitou o futuro governante e fez um convite para que vá visitá-lo na Casa Branca, o que demonstra interesse da presidência americana em um país aliado, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e que ainda tem 3.600 soldados mobilizados no Afeganistão.

E é em torno deste tema que as relações entre Obama e Hollande podem começar com o pé esquerdo, já que, durante sua campanha, o francês prometeu retirar os militares antes do fim de 2012, dois anos antes do cronograma da Otan. Sarkozy havia proposto a data para o fim de 2013.

"Seria uma decisão unilateral (de Paris), que teria um efeito ruim, mas também não é o fim do mundo, não é o que sacudirá a cúpula", afirmou Justin Vaisse, especialista em relações transatlânticas do Instituto Brookings de Washington.

Já Charles Kupchan, do centro de reflexão "Council on Foreign Relations", destacou que Obama, durante sua visita a Cabul na semana passada, "deu sua aprovação para o fim da missão, e não será difícil encontrar um acordo que satisfaça a todos" em Chicago.


Para Vaisse, Obama está especialmente concentrado em temas de política externa que podem afetar suas chances de alcançar um segundo mandato nas eleições presidenciais de 6 de novembro: Irã e a crise da Eurozona.

Sobre a questão nuclear iraniana, Hollande "afirmou que manterá a postura firme" da França, mas - em contraposição a Sarkozy - pode aceitar que o Irã leve adiante um programa nuclear civil, um possível ponto em um acordo com o grupo 5+1 (Alemanha, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Estados Unidos), que se reunirá em Bagdá no dia 23 de maio, segundo o analista.

Em relação à crise da Eurozona, os Estados Unidos "querem equilibrar (o plano de) austeridade a qualquer custo da Alemanha", disse Vaisse.

"Acredito que ouviremos comentários por parte dos americanos apoiando a posição de Hollande sobre o fato de que não se pode buscar apenas a austeridade, é preciso um equilíbrio entre o reequilíbrio orçamentário" e o crescimento, destacou Heather Conley, diretora do programa europeu do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS, em inglês).

"Obama receberá de braços abertos um dirigente europeu com a mensagem 'mais crescimento e menos austeridade'. É o que Washington diz à Europa desde o início da crise financeira, (mesmo que) a obsessão da (chanceler alemã Angela) Merkel pela austeridade tenha terminado por se impor", destacou Kupchan.

Mas "esta evolução da política francesa não deixa de ter riscos: os mercados podem não apreciar a política interna de Hollande (...) e podemos ver um novo ciclo de instabilidade financeira, que é a última coisa que Obama deseja", acrescentou o especialista.

De maneira geral, "espero que Paris retroceda um pouco e que Hollande não assuma a linha de frente, como Sarkozy fez com temas como Líbia, Irã e Oriente Médio. Penso que será um dirigente mais cauteloso", considerou Kupchan.

Mas, de qualquer forma, o analista espera que Hollande mantenha uma relação próxima com Washington.

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