O “toma lá, dá cá” do Reino Unido
É esperado que, nesta quinta-feira, a primeira-ministra Theresa May consiga arrebatar, finalmente, a maioria no Parlamento britânico. Após duas semanas de conversas desencontradas e indefinidas com o Partido Unionista Democrático (DUP) a expectativa é de que a aliança com o Partido Conservador seja, enfim, alcançada. Com o acordo, as 10 cadeiras conquistadas pelo DUP se […]
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2017 às 06h30.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h41.
É esperado que, nesta quinta-feira, a primeira-ministra Theresa May consiga arrebatar, finalmente, a maioria no Parlamento britânico. Após duas semanas de conversas desencontradas e indefinidas com o Partido Unionista Democrático (DUP) a expectativa é de que a aliança com o Partido Conservador seja, enfim, alcançada. Com o acordo, as 10 cadeiras conquistadas pelo DUP se somam às 318 dos conservadores, superando em apenas duas posições as 326 cadeiras necessárias para configurar maioria no Parlamento.
Apesar da possível aliança entre os partidos, o clima é de insegurança. Com o desespero de May para conseguir reverter seu fracasso nas urnas no dia 8 de junho, que fez com que os conservadores perdessem a maioria no legislativo, o DUP viu a possibilidade de colocar na mesa uma série de exigências antes de fechar o acordo. Dentre elas, está a garantia de que serão investidos 2 bilhões de libras (cerca de 8,5 bilhões de reais) no sistema de saúde e na infraestrutura da Irlanda do Norte, país que o partido representa.
Ou seja: se os conservadores quiserem o apoio dos 10 parlamentares, terão que comprá-lo. Se o pedido soa polêmico, é bom saber que ele parece inocente perto dos posicionamentos do próprio partido. O DUP é conhecido por conservadorismos: fez campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia; tem se posicionado contra liberdades civis, como direitos de união entre homossexuais e legalização do aborto; tem desmerecido o impacto da ação humana nas mudanças climáticas; e reúne diversos membros criacionistas em sua cúpula. Em janeiro deste ano, a líder do partido e também primeira-ministra da Irlanda, Arlene Foster, viu seu vice renunciar ao cargo em protesto após estourar escândalo de fraude no sistema de energia do país.
Mas, em troca de maioria, os Conservadores não estão muito preocupados com essas questões, contanto que consigam tocar em frente suas propostas. A dificuldade em compor maioria no Parlamento tem sido um calo para alguns partidos europeus; em 2010, nem os socialistas nem os flamengos conseguiram maioria para compor o governo na Bélgica, que ficou mais de 541 dias sem liderança; em 2015, o Partido Popular da Espanha também não conseguiu maioria, deixando o país por mais de 300 dias sem líder oficial. No Reino Unido, a primeira-ministra Theresa May também está à frente de um Parlamento capenga, e seu partido não pode governar sozinho.