Maduro: hoje é dia de ele tomar o último reduto da oposição (Miraflores/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 3 de agosto de 2017 às 06h42.
Última atualização em 3 de agosto de 2017 às 07h51.
O governo venezuelano pretende empossar, nesta quinta-feira, a Assembleia Constituinte eleita no último domingo, em meio a um escândalo de fraude nos números divulgados. A empresa Smartmatic, que desde 2004 é a fornecedora do sistema eleitoral automatizado para as eleições na Venezuela, denunciou que o governo aumentou em ao menos 1 milhão de eleitores o número de votantes anunciados.
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O Conselho Nacional Eleitoral, que afirma que mais de 8 milhões de pessoas compareceram às urnas, já afirmou que vai entrar com procedimentos legais contra a empresa, alegando que as acusações não têm fundamento. Um plebiscito realizado pela oposição no dia 17 de julho, para reunir votos simbolicamente contra a Constituinte do presidente Nicolás Maduro, contou com a presença de 7,5 milhões de eleitores, de acordo com as contas da oposição. A oposição segue afirmando que o governo levou apenas 2,5 milhões de pessoas às urnas, e ainda assim chegou a esse número ameaçando cortar programas sociais de quem não aparecesse.
Enquanto o governo pretende empossar os 545 membros da Constituinte — em que constam, dentre eles, a mulher e o filho do presidente — a oposição tem lugar marcado nas ruas de Caracas. Mais uma grande manifestação está marcada para esta quinta-feira. Outros países também estão mobilizados para se impor contra os avanços de Maduro na Venezuela. O governo paraguaio defende a suspensão da participação do país no Mercosul, e afirma que está “confirmadíssima a ruptura do sistema democrático venezuelano”. A embaixada chilena no país está ajudando in loco. Cinco juízes opositores ao regime já estão protegidos pelo Chile, sob acolhimento da chancelaria. Os Estados Unidos impuseram sanções individuais a Maduro e a líderes chavistas, mas estudam mais duros contra o país.
Para a cerimônia de posse desta quinta, a ex-chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, que também foi eleita para a Constituinte, afirmou que os eleitos chegarão ao Palácio Legislativo dominado pela oposição munidos de “retratos do libertador Simón Bolívar e do comandante Chávez”, e que de lá eles nunca mais sairão. Em dezembro, a mesma Rodríguez invadiu uma reunião do Mercosul, em Buenos Aires, sem ter sido convidada.
Agora ela, e o regime chavista, deram um jeito de entrar na marra no último reduto que a oposição ocupava no governo. Com sindicatos, estatais, executivo, judiciário e legislativo dominados à força, é de se imaginar o que virá da nova Constituição do país.