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"O Chacal" enfrenta novo julgamento por atentado em Paris

Condenado à pena máxima, o venezuelano pró-palestina enfrenta mais um julgamento por atentado cometido em 1974

Figura emblemática dos grupos armados pró-palestinos dos anos 1970 e 1980, "O Chacal" foi um dos foragidos internacionais mais procurados (Scott Olson/Getty Images)

Figura emblemática dos grupos armados pró-palestinos dos anos 1970 e 1980, "O Chacal" foi um dos foragidos internacionais mais procurados (Scott Olson/Getty Images)

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AFP

Publicado em 5 de março de 2018 às 14h58.

O julgamento em apelação contra o venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como "Carlos, o Chacal", condenado à prisão perpétua em 2017 por um atentado cometido em 1974 em Paris, começou nesta segunda-feira (5) na capital francesa.

"O Chacal", de 68, foi condenado à pena máxima em março de 2017 pelo atentado "terrorista" de 15 de setembro de 1974 contra uma galeria comercial no bulevar parisiense de Saint Germain. No episódio, duas pessoas morreram, e dezenas ficaram feridas.

Vestido todo de preto, Ramírez Sánchez entrou na sala de audiências erguendo o punho direito, em atitude desafiadora, antes de jogar um beijo para os jornalistas.

Figura emblemática dos grupos armados pró-palestinos dos anos 1970 e 1980, sentado no banco dos réus atrás de um vidro, ele se apresentou aos juízes como um "revolucionário de profissão", de nacionalidade "venezuelana e palestina".

Ramírez Sánchez pediu à corte que nomeasse como sua defensora pública Isabelle Coutant-Peyre, que o defende há décadas e com quem se casou no religioso em 2011.

"Estamos em uma miséria total", justificou, em declaração aos magistrados.

Este será o último julgamento desse ex-ativista da causa palestina, que já enfrenta duas condenações a prisão perpétua por um triplo homicídio em 1975, em Paris, e por quatro atentados com explosivos nos anos 1980, que deixaram 11 mortos e 191 feridos.

Nova maratona de julgamentos

"O Chacal", que durante muitos anos foi um dos mais procurados foragidos internacionais, comparecerá durante duas semanas perante uma corte especial composta unicamente por magistrados competentes em casos de terrorismo.

No fechamento do primeiro maratônico julgamento, no qual testemunhas, especialistas e até ex-cúmplices deram seu depoimento, os juízes consideraram que "todos os elementos reunidos durante a investigação convergiam para ele".

Para a acusação, o atentado contra o centro comercial Drugstore Publicis estava conectado com uma tomada de reféns em curso na embaixada francesa em Haia e protagonizada pelo Exército Vermelho japonês - um grupo armado de extrema esquerda.

O Ministério Público considerou que Carlos cometeu o ataque em Paris para pressionar o governo francês em meio à negociação com os sequestradores de Haia, que exigiam a libertação de um de seus membros detido no aeroporto parisiense de Orly.

O Exército Vermelho japonês estava ligado à Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), da qual Carlos havia-se convertido em um de seus braços armados na Europa.

Nas audiências, várias testemunhas apoiaram essa tese, incluindo um ex-companheiro de armas do "Chacal". Hans Joachim Klein garantiu que o próprio Carlos lhe contou que foi ele que jogou a granada.

- 'Enormes inconsistências' -

Com sua organização, Carlos reivindica "orgulhoso" ter matado pelo menos 1.500 pessoas, "das quais 80 com suas próprias mãos", mas nega categoricamente qualquer envolvimento nesse atentado cometido no coração de Paris.

Seus advogados alegam que não há provas conclusivas que vinculem seu cliente com o atentado parisiense.

"Este caso está marcado por enormes inconsistências: testemunhas manipuladas pelos serviços de segurança, mentirosos, provas falsas. Vamos destrinchar tudo e vamos pedir que seja absolvido", disse à AFP Francis Vuillemin, um dos advogados históricos do venezuelano.

Para o diretor da Associação Francesa de Vítimas do Terrorismo (AfVT), Guillaume Denoix de Saint-Marc, este novo julgamento será uma "prova" a mais para os sobreviventes do ataque. Muitos - afirma ele - não voltarão a testemunhar, porque já foi "muito doloroso" da primeira vez.

Mais de 40 anos depois dos fatos, o que eles esperam desse novo julgamento - completou Saint-Marc - é que os juízes "confirmem sua condenação" à prisão perpétua.

Ilich Ramírez Sánchez está preso na França desde que foi capturado em 1994 em uma operação da espionagem francesa no Sudão.

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