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Número de mortos chega a 17 na Venezuela e oposição protesta

"Temos até o momento 17 mortos e 261 feridos", declarou aos jornalistas a procuradora-geral Luisa Ortega Diaz

Opositores de Maduro enfrentam a polícia em Caracas: há três semanas, a Venezuela é sacudida por uma onda de protestos, iniciados no dia 4 de fevereiro, em San Cristóbal (AFP)

Opositores de Maduro enfrentam a polícia em Caracas: há três semanas, a Venezuela é sacudida por uma onda de protestos, iniciados no dia 4 de fevereiro, em San Cristóbal (AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 17h11.

Estudantes, opositores e jornalistas denunciarão nesta sexta-feira as violações dos direitos humanos por parte das tropas antidistúrbios durante os protestos antichavistas, que deixaram 17 mortos, segundo o último balanço do Ministério Público.

"Temos até o momento 17 mortos e 261 feridos", declarou aos jornalistas a procuradora-geral Luisa Ortega Diaz, acrescentando que o ministério público já abriu investigações em função dos 27 casos de violações aos direitos humanos registrados durante os protestos.

O Ministério Público, sob nenhuma circunstância, vai permitir a violação dos direitos humanos, afirmou a procuradora.

Ortega Díaz informou ainda que nesta quinta-feira morreu um rapaz que estava apenas limpando a rua e foi alvo de um disparo.

O Fórum Penal Venezuelano, que até quarta-feira havia documentado 33 casos de violações aos direitos fundamentais, convocou uma manifestação sob o lema "todos ao resgate de nossos direitos humanos", na qual prometeu que participarão algumas das vítimas de abusos policiais.

O presidente Nicolás Maduro, herdeiro político do líder da chamada Revolução Bolivariana, o falecido Hugo Chávez, nega que ocorram violações aos direitos humanos, mas um relatório do ministério público nesta semana admitiu que foram abertas 12 investigações a respeito.

Mais de dez policiais estão detidos, entre eles cinco agentes da inteligência acusados pelo assassinato em 12 de fevereiro de um estudante e de um simpatizante do governo, as primeiras mortes dos protestos, que a partir desse dia se intensificaram.

E nesta sexta-feira, o líder da oposição da Venezuela, Henrique Capriles, declarou que a situação não irá se acalmar no país, enquanto o governo de Nicolas Maduro não mudar de atitude e deixar a repressão aos manifestantes, mobilizados desde o início de fevereiro.

"O governo fala de paz, mas horas depois volta a ter a mesma atitude de repressão. É impossível apagar o fogo com gasolina", disse Capriles, governador de Miranda e ex-candidato presidencial, em entrevista à rádio colombiana RCN.


Na concentração desta sexta, participará o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa, que denuncia cerca de 70 casos de hostilidade, ameaças, prisão injustificada ou roubo de equipamento de jornalistas venezuelanos e estrangeiros.

Na quinta, milhares de pessoas foram dispersadas pela polícia no leste de Caracas, durante uma manifestação contra a repressão do governo aos protestos na Venezuela, enquanto os 'chavistas' se reuniam em outro ponto da capital para recordar os 25 anos da revolta popular conhecida como "Caracaço".

Três semanas de protestos

Segundo números oficiais, 300 pessoas morreram durante o Caracaço, mas investigadores independentes apontam cerca de 2 mil falecidos nos distúrbios ocorridos entre 27 de fevereiro e 8 de março de 1989 contra um pacote econômico adotado pelo então presidente, o social-democrata Carlos Andrés Pérez.

Há três semanas, a Venezuela é sacudida por uma onda de protestos, iniciados no dia 4 de fevereiro, em San Cristóbal, estado de Táchira, após uma tentativa de assalto e estupro contra uma estudante.

As manifestações e sua repressão já deixaram 14 mortos, 140 feridos e 600 detidos, em todo o país.

O presidente Nicolás Maduro afirma que os protestos são um "golpe de Estado em andamento" e determinou a prisão de Leopoldo López, líder do partido opositor Vontade Popular, acusado de promover a violência.

Na quinta-feira, a Justiça venezuelana emitiu uma ordem de prisão contra outro líder da Vontade Popular, Carlos Vecchio, por incitar à violência.


Vecchio, coordenador político nacional da Vontade Popular, é procurado pela Direção Geral de Contra Inteligência Militar (DGCIM) por suspeita de "incêndio intencional, instigação pública, danos e associação ilícita".

Leopoldo López, integrante da ala radical da Mesa da Unidade Democrática (MUD), se entregou à Justiça no dia 18 de fevereiro, durante um enorme protesto no centro de Caracas, e desde então está na prisão militar de Ramo Verde, no subúrbio da capital.

Exigindo a saída de Nicolás Maduro, López convocou o protesto estudantil de 12 de fevereiro, quando manifestantes enfrentaram grupos armados ilegais e as forças da ordem, em incidentes que deixaram dois mortos, dezenas de feridos e vários detidos.

Os Estados Unidos denunciaram o governo Maduro por "continuar agindo para impedir a liberdade de expressão e restringir a liberdade de imprensa".

O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reagiu afirmando que "falta um mínimo de seriedade na posição do governo dos Estados Unidos em relação à Venezuela".

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