Camponeses paraguaios: disputa com os brasileiros recebeu criticas do presidente do Supremo local (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2012 às 14h25.
Assunçã - O plenário da Suprema Corte de Justiça do Paraguai elegeu nesta terça-feira seu novo presidente, Víctor Núñez, que criticou o descumprimento de uma ordem de despejo de camponeses de propriedades que pertencem a colonos brasileiros numa zona conflituosa no leste do país.
Núñez foi nomeado em substituição a Luis María Benítez para um mandato de um ano. Em declarações a uma rádio local o magistrado questionou o não cumprimento da execução de uma ordem de despejo dos camponeses sem-terra que desde setembro de 2011 estão em frente às fazendas de produtores brasileiros de soja em Ñacunday, na província de Alto Paraná, a 400 quilômetros ao leste de Assunção.
A tensão nessa região, que faz fronteira com o Paraná, agravou-se em meados de janeiro por causa dos rumores de invasões de terras por parte dos camponeses ('carperos'), que reivindicam para reforma agrária terras ocupadas pelos brasileiros que foram para o Paraguai, os 'brasiguaios'.
Núñez classificou de 'lamentável que num estado de direito não se possa cumprir uma ordem judicial'.
Um representante dos 'carperos', Federico Ayala, disse à Agência Efe que os camponeses não invadiram propriedades dos 'brasiguaios' em Ñacunday.
Segundo Ayala, oito mil camponeses que estão na região começaram nesta segunda-feira a se dirigir a terras pertencentes à companhia elétrica estatal e vão permanecer no local até receberem uma resposta do governo às suas demandas.
O representante dos 'carperos' disse que em oito dias os camponeses decidirão se vão recorrer à invasão de terras.
Ontem, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, advertiu que as forças de segurança utilizariam 'todos os meios disponíveis' para evitar a violência entre 'carperos' e 'brasiguaios' de Ñacunday.
Lugo afirmou ainda que o Executivo irá esperar a decisão da Justiça para realizar alguma ação no local.