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Novo massacre no norte da Síria ofusca trégua em Aleppo

Em nova demonstração dos horrores da guerra, um campo de refugiados na província de Idleb (norte) tornou-se alvo de ataques aéreos


	Ataques aéreos: o diretor da agência de notícias local Shahba Press (pró-rebeldes), Mamun al-Jatib, acusou o governo de Bashar al-Assad
 (Mohamad Abd Abazid / AFP)

Ataques aéreos: o diretor da agência de notícias local Shahba Press (pró-rebeldes), Mamun al-Jatib, acusou o governo de Bashar al-Assad (Mohamad Abd Abazid / AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2016 às 20h42.

Pelo menos 28 civis morreram em bombardeios aéreos contra um campo de refugiados no norte da Síria, mais uma tragédia nesse país em guerra, no momento em que uma trégua na castigada cidade de Aleppo acabava de entrar em vigor, nesta quinta.

Em nova demonstração dos horrores da guerra, um campo de refugiados na província de Idleb (norte), onde se abrigavam famílias que escaparam dos combates de Aleppo, tornou-se alvo de ataques aéreos, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos e ativistas no terreno.

O diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, afirmou que os ataques foram dirigidos contra o campo da província de Idleb, controlada pela Frente Al-Nusra - a filial síria da rede Al-Qaeda - e por seus aliados rebeldes.

Morreram ao menos 28 civis, entre eles crianças, e outros 50 ficaram feridos. O OSDH advertiu que o número de mortos pode aumentar, já que muitos feridos se encontram em estado grave.

O diretor da agência de notícias local Shahba Press (pró-rebeldes), Mamun al-Jatib, acusou o governo de Bashar al-Assad.

"Dois aviões do governo de Assad lançaram quatro mísseis sobre o campo situado na localidade de Al-Kamuna. Dois mísseis caíram perto do campo, e outros dois, no interior, incendiando várias lojas", afirmou.

Respeito à trégua em Aleppo

A coalizão internacional concentra seus bombardeios sobre os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), enquanto o governo mobiliza sua Força Aérea contra os extremistas da Frente Al-Nusra e contra o EI. Aliados de Al-Assad, os russos atacam certos grupos rebeldes e os radicais.

No Twitter, a Al-Nusra anunciou o lançamento de uma "nova batalha" para libertar a região de Khan Tuman, ao sul de Aleppo, e garantiu que travam violentos combates contra o governo nessa área.

Nas últimas semanas, milhares de civis fugiram dos combates na província de Aleppo para se instalarem nos campos de refugiados que beiram a fronteira da Turquia, já que Ancara lhes nega a passagem.

O conflito, que deixou mais de 270.000 mortos, também causou o exílio em massa de mais da metade da população e uma grave crise humanitária.

Em Aleppo, a calma reinava nesta quinta-feira na cidade, após a entrada em vigor de uma trégua acertada por Estados Unidos e Rússia e aceita pelo governo sírio e pelos rebeldes para pôr fim aos combates que deixaram cerca de 300 mortos.

Desde que a trégua entrou em vigor, à 0h01 de quinta-feira (19h01 de Brasília), não houve novos bombardeios em Aleppo (norte), segunda cidade do país, dividida em dois desde 2012.

O diretor do OSDH confirmou a ausência de bombardeios, mas anunciou a morte de um civil poucos minutos depois de sua entrada em vigor em um ataque nos bairros do oeste, controlados pelo governo.

Na quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu em Nova York para tratar de Aleppo e os representantes de seus países-membros denunciaram os "crimes de guerra" cometidos na cidade.

"A comunidade internacional deve aumentar a pressão sobre o governo e os russos para acabar com a violação da trégua (...) Caso contrário, ninguém os impedirá de lançar uma grande ofensiva contra Aleppo", advertiu Riad Hijab, do Alto Comitê de Negociações (HCN), da oposição.

Na província de Homs (centro), pelo menos dez civis morreram, e 40 ficaram feridos nesta quinta, em um duplo atentado.

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