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Novo governo turco é formado com aliados de Erdogan

No novo governo de 26 membros permanecerá a totalidade da equipe econômica, o que satisfaz os mercados financeiros

O novo primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu é cercado por aliados políticos na saída da mesquita de Kocatepe, em Ancara (Adem Altan/AFP)

O novo primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu é cercado por aliados políticos na saída da mesquita de Kocatepe, em Ancara (Adem Altan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2014 às 16h16.

Ancara - O novo primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu apresentou nesta sexta-feira a composição de seu governo, no qual Mevlut Cavusoglu o substituirá na pasta das Relações Exteriores.

No novo governo de 26 membros, formado por homens fieis ao presidente Recep Tayyip Erdogan, que assumiu suas funções na véspera, permanecerá a totalidade da equipe econômica, o que satisfaz os mercados financeiros.

Cavusoglu, 56 anos, ex-ministro dos Assuntos Europeus, continuará com a "política estrangeira neotomana" elaborada por Davutoglu em 2009, apesar das críticas recebidas pelos fracassos na Síria e Egito.

Mas, para alguns observadores, Cavusoglu, ligado ao presidente Erdogan, dará uma abordagem mais pró-europeia e pró-americana.

"Nosso caminho para a União Europeia (UE), que é nosso objetivo estratégico, continuará com determinação", declarou Erdogan ao assumir a presidência substituindo Abdullah Gul.

Cavusoglu corroborou neste sentido, dizendo estar determinado a reativar o processo de adesão à UE.

Outras figuras relevantes do novo governo serão o vice-primeiro-ministro encarregado da Economia, Ali Babacan, e seu colega das Finanças, Mehmet Simsek, que contam com o apoio do empresariado e dos meios financeiros, preocupados com a independência do Banco Central da Turquia.

No ministério da Economia, foi confirmado Nihat Zeybecki, ligado ao presidente e que exige uma queda das taxas de juros para proteger o crescimento econômico.

Entre os quatro novos ministros do governo, figuram dois amigos íntimos de Erdogan: Yalcçin Adkogan, nomeado vice-primeiro-ministro, e Numan Kurulmus, influente dirigente do governante Partido Justiça e Desenvolvido (AKP).

A única mulher do atual governo, Aysenur Islam, conserva a pasta da Família e Polícia Social.

O governo de Davutoglu apresentará seu programa ao Parlamento na próxima segunda-feira. Durante a semana haverá um debate parlamentar e um voto de confiança.

Davutoglu seguirá aplicando a mesma política implementada por Erdogan desde 2003.

Erdogan, que foi eleito presidente com 52% dos votos em 10 de agosto, manifestou sua vontade de reformar a Constituição em um sentido presidencial.

Para cumprir com esse objetivo, Erdogan precisa que o ADP obtenha uma ampla vitória nas eleições legislativas de junho de 2015.

Para reformar a Constituição ele precisa do apoio de dois terços dos deputados, 367 de um total de 550.

Atualmente, o bloco parlamentar do AKP conta com 313 deputados.

A oposição, contrária à reforma constitucional, diz que o projeto de Erdogan é uma nova prova de suas ambições "autocráticas".

Erdogan jurou solenemente respeitar "a Constituição, a supremacia do Direito, a democracia, os princípios e reformas de Ataturk e os princípios da República laica".

Os defensores do regime laico criado por Mustafá Kemal Ataturk depois da queda do Império Otomano acusam-no de trair seu legado. Erdogan garante que a transformação de seu país em uma potência regional teria sido aprovada pelo pai da Turquia moderna.

"Sou o primeiro presidente eleito por sufrágio universal na História do nosso país", destacou Erdogan em seu discurso.

Os representantes do opositor Partido Republicano do Povo (CHP) se negaram a ouvir Erdogan e abandonaram a Casa antes de seu discurso, por considerar "inconstitucional" que ele se negue a abandonar o cargo de primeiro-ministro imediatamente depois de vencer as eleições.

Erdogan, o político mais popular do país desde a época de Ataturk, não esconde sua intenção de continuar dirigindo a Turquia até 2023, data do centenário da instauração da República.

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