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Novo ataque de coalizão dizima famílias de combatentes do EI

O ataque da coalizão liderada pelos EUA matou ao menos 80 pessoas, incluindo 33 crianças

Síria: as autoridades americanas negam ter visado civis voluntariamente (Bassam Khabieh/Reuters)
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AFP

Publicado em 26 de maio de 2017 às 14h59.

Um novo ataque aéreo da coalizão liderada pelos Estado Unidos matou, na madrugada desta sexta-feira, ao menos 80 pessoas, incluindo 33 crianças, entre famílias de combatentes do grupo extremista Estado Islâmico (EI), em uma cidade do leste da Síria .

Este novo balanço é reportado no momento em que o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos pediu nesta sexta-feira "às forças aéreas de todos os Estados" que atuam na Síria a fazer mais para distinguir "civis de alvos militares", ressaltando que os extremistas se misturam às populações e as impedem de fugir.

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Também coincide com a derrota militar sofrida pelo EI no deserto sírio, isolando ainda mais seus últimos redutos no norte e leste do país.

Os redutos do EI na Síria têm sido alvos de intensos ataques aéreos, poucos dias depois da reivindicação pelo grupo extremista do atentado de Manchester (Inglaterra), que causou 22 mortes na segunda-feira à noite.

De acordo com fontes médicas e civis do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), as famílias atingidas nesta sexta-feira "estavam refugiadas no edifício da prefeitura de Mayadine", cidade controlada desde 2014 pelo EI e próxima à fronteira iraquiana.

"Este é o maior número de vítimas fatais de um bombardeio a atingir famílias de extremistas na Síria", indicou à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH, que conta com uma ampla rede de fontes civis, médicas e militares.

O Pentágono imediatamente reagiu afirmando que a coalizão realizou ataques nesta quinta e sexta-feira em Mayadine e Bukamal, e que "examina" os resultados.

As autoridades americanas negam ter visado voluntariamente civis e afirma que têm tomado as precauções necessárias para evitar perdas entre a população, ao mesmo tempo em que denuncia o uso de moradores locais como escudos humanos pelo EI.

Este novo ataque acontece horas depois da morte de 37 civis, em sua maioria familiares de extremistas, na mesma cidade e também em um bombardeio da coalizão na quinta-feira à noite, de acordo com OSDH.

Mayadine recebeu nos últimos meses muitos deslocados vindos do Iraque e da cidade síria de Raqa. Mossul, último grande reduto do EI no Iraque, e Raqa, são alvos de duas ofensivas conduzidas pelas forças locais apoiadas pela coalizão internacional.

Segundo o Observatório, a coalizão internacional realizou entre 23 de abril e 23 de maio seus ataques aéreos mais mortais contra civis em um período de um mês na Síria.

No início de abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu "destruir" o EI e "proteger a civilização".

A coalizão começou a bombardear o EI no Iraque em agosto de 2014, antes de expandir suas operações para a Síria no mês seguinte.

Damasco e Palmira religados

Em 20 de maio, o secretário de Defesa americano, Jim Mattis, declarou que a administração Trump havia ordenado uma "campanha de aniquilação" dos extremistas no Iraque e Síria, para minimizar o número de combatentes estrangeiros que retornam para casa.

Isto significa que as forças da coalizão "cercam" agora as posições do EI antes de atacá-las, para que os combatentes extremistas não consigam fugir e se reagrupar em outro lugar.

Em 1º de maio, o comando da coalizão anunciou que seus ataques fizeram 352 vítimas civis no Iraque e na Síria, mortas "acidentalmente" desde 2014.

Em outra frente, o exército sírio conseguiu retomar, pela primeira vez desde 2014, a estrada que liga Damasco à antiga cidade de Palmira, depois de expulsar o EI de um extenso território no deserto, com o apoio de seu aliado russo.

"Os extremistas recuaram diante da intensidade dos ataques russos", explicou Abdel Rahman.

Iniciada há seis anos, a guerra na Síria, que se tornou enormemente complexa com múltiplos atores e alianças, já fez mais de 320.000 mortos e milhões de deslocados.

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