Exame Logo

Nova eleição será em janeiro, diz senadora que assume governo na Bolívia

Evo Morales renunciou ao cargo de presidente do país em meio a protestos por suspeita de fraude eleitoral

Jeanine Añez: senadora é primeira na linha sucessória após a renúncia de Evo Morales e de todos que estavam antes dela (Manuel Claure/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de novembro de 2019 às 19h47.

A senadora Jeanine Añez, segunda vice-presidente do Senado da Bolívia , e primeira na linha sucessória após a renúncia de Evo Morale s e todos que estavam antes dela, afirmou nesta segunda-feira, 11, que serão convocadas eleições para que o país tenha um novo presidente eleito já em janeiro.

"Vamos convocar eleições com personalidades comprovadas, que realizem um processo eleitoral que reflita o desejo e o sentimento de todos os bolivianos", disse à imprensa na entrada da Assembleia Legislativa de La Paz.

Veja também

A renúncia de Evo Morales, que nesta segunda-feira chamou dirigentes opositores de "racistas e golpistas", deixou um vácuo de poder como resultado de três semanas de protestos desencadeados por eleições supostamente irregulares pelas quais o primeiro presidente indígena da Bolívia teria buscado se perpetuar no poder.

Debate pela sucessão

Na ausência do presidente, a Constituição da Bolívia estabelece que a sucessão passa primeiro para o vice-presidente, depois para o chefe do Senado e então ao presidente da Câmara dos Deputados, mas todos renunciaram com Evo.

A renúncia do vice-presidente, Álvaro García Linera, da presidente e do vice-presidente do Senado, Adriana Salvatierra e Rubén Medinacelli, e do presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, criou uma situação de incerteza na linha de sucessão constitucional.

A segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, reivindicou seu direito de assumir a presidência da Bolívia. "Ocupo a segunda vice-presidência e, na ordem constitucional, me corresponderia assumir esse desafio com o único objetivo de convocar novas eleições", disse Añez, entrevistada pela rede de televisão privada Unitel.

Opositor nega golpe

O líder opositor boliviano Luis Fernando Camacho negou nesta segunda-feira que a renúncia de Evo Morales tenha representado um golpe de Estado na Bolívia e pediu uma transição pacífica na presidência.

"Nossa posição foi tomada a partir da resistência pacífica nas ruas, pedindo novas eleições e, finalmente, uma renúncia baseada na palavra do presidente Morales, que havia prometido que se houvesse mortes em seu governo ele renunciaria", disse Camacho em vídeo publicado por ele nas redes sociais.

Na véspera, o líder do grupo oposicionista Comitê Pró Santa Cruz havia pedido a renúncia não apenas de Morales, mas de todos os parlamentares e autoridades judiciais para abrir espaço para um governo de transição formado por notáveis, que convocariam novas eleições. "Não derrubamos governos, libertamos um povo na fé", afirmou.

Camacho chegou a La Paz na semana passada com a intenção de entregar a Evo Morales pessoalmente uma carta para que renunciasse. O opositor e o também ex-presidente Carlos Mesa, derrotado nas urnas, vinham sendo apontados por Evo como principais responsáveis pela crise política na Bolívia.

Além do ex-chefe de governo, que ocupou a presidência de 2006 até ontem e havia sido reeleito para um quarto mandato, renunciaram ministros, parlamentares e governadores.

Acompanhe tudo sobre:BolíviaEvo Morales

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame