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Norte da Síria deve ficar sob controle do governo Assad, diz Rússia

O ministro russo disse que apoia acordos entre curdos e as autoridades sírias para restabelecer um Estado único, sem ingerência externa

Guerra na Síria: a Turquia prometeu criar uma "zona de segurança" na fronteira com a Síria, com o apoio dos EUA (Khalil Ashawi/Reuters)

Guerra na Síria: a Turquia prometeu criar uma "zona de segurança" na fronteira com a Síria, com o apoio dos EUA (Khalil Ashawi/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 10h02.

Última atualização em 16 de janeiro de 2019 às 10h06.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou nesta quarta-feira (16) que o governo sírio deveria retomar o controle do norte do país, após a saída das tropas americanas, e pareceu rejeitar uma "zona de segurança" sob controle turco promovida por Ancara e Washington.

"Estamos convencidos de que a melhor solução, e a única que seria justa, é uma passagem desses territórios para controle do governo sírio, das Forças Armadas sírias e de suas estruturas administrativas", declarou Lavrov em sua entrevista coletiva anual.

O chanceler disse "apoiar os contatos iniciados entre representantes curdos e as autoridades sírias com o objetivo de se chegar a um acordo sobre a maneira de restabelecer a vida em um Estado único, sem ingerência externa".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou, recentemente, a ideia de criar uma "zona de segurança" de 30 quilômetros na Síria.

Após uma conversa por telefone com Trump, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, explicou que a Turquia pode se encarregar de estabelecer essa zona entre a fronteira turca e as posições das Unidades de Proteção Popular (YPGs), a milícia curda.

A proposta foi rejeitada por Damasco, que tem na Rússia seu principal aliado.

Lavrov afirmou que o tema será abordado em um próximo encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, que é esperado na Rússia até o final do mês.

As tensões entre os curdos sírios e a Turquia ficaram ainda mais elevadas, após o recente anúncio de Trump de retirada das tropas americanas. A força militar havia sido estacionada na Síria para lutar contra o EI ao lado das forças curdas.

"Em seu conjunto, o processo de paz sírio avança. É claro que com passos mais lentos do que gostaríamos", considerou Lavrov.

"Estamos convencidos de que vamos pôr fim à batalha contra o terrorismo. Agora, o principal foco de terrorismo é a região de Idlib", completou.

No início de janeiro, o grupo extremista dominado pelo ex-braço sírio da Al-Qaeda, o Hayat Tahrir al-Cham (HTS), renforçou seu controle sobre a província de Idlib. Em setembro passado, a região foi alvo de um acordo entre Ancara e Moscou, o que impediu até então uma ofensiva de Damasco e de seu aliado russo.

Curdos rejeitam zona sob controle turco

Os curdos da Síria também rejeitam a criação de uma "zona de segurança" sob controle da Turquia no norte do país - disse nesta quarta à AFP um alto cargo da administração semiautônoma da minoria curda.

"Pode haver uma linha de demarcação entre a Turquia e o norte da Síria, com forças de manutenção de paz da ONU", afirmou o dirigente curdo Aldar Khalil.

"Qualquer outra decisão é inaceitável", acrescentou.

A Turquia não é "neutra" e "não pode ser um garante de segurança", insistiu.

"Trump quer criar zonas de segurança em cooperação com a Turquia, mas qualquer presença turca vai mudar o equilíbrio (da região), que não será segura", completou Khalil.

Em meados de dezembro, a Turquia ameaçou deflagrar uma nova ofensiva contra as YPGs. Aliado dos Estados Unidos na luta contra o Estado Islâmico (EI), esse grupo é considerado uma "organização terrorista" por Ancara.

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