O escritor turco Orhan Pamuk, Nobel de Literatura em 2006: Pamuk afirmou que a determinação das pessoas em defender seus direitos lhe deu "confiança e esperança no futuro". (Getty Images/Ralph Orlowski)
Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2013 às 14h18.
Ancara - O escritor da Turquia Orhan Pamuk, Nobel de Literatura em 2006, acusou nesta quarta-feira o governo de seu país de ser "opressor e autoritário" e garantiu que os manifestantes que há dias protestam nas ruas lhe deram "esperança no futuro".
Pamuk, que foi criticado em alguns círculos por não ter se manifestado sobre a onda de protestos contra o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, tomou partido em artigo publicado hoje no jornal "Hürriyet".
Em seu texto, o autor de "Neve" lembrou uma história pessoal de como sua família defendeu uma castanheira que a Prefeitura de Istambul queria cortar, em referência à defesa do pequeno parque Gezi, no centro da cidade, que detonou a atual onda de protestos.
Assim, o escritor garantiu que a Praça Taksim é "a castanheira de toda Istambul", em referência ao emblemático cenário onde começaram os protestos, que se estendem por seis dias em todo o país, já causaram três mortes e mais de 4 mil feridos nas manifestações e choques com a polícia.
Pamuk afirmou que a determinação das pessoas em defender seus direitos lhe deu "confiança e esperança no futuro".
A Plataforma Solidariedade Taksim, o grupo que iniciou os protestos para defender o parque Gezi dos planos de construção de um shopping center, se reuniu hoje com o vice-primeiro-ministro, Bulent Arinç, para fazer suas reivindicações.
Após a reunião, membros da plataforma declararam que seu protesto inicialmente pacífico resultou em confrontos devido à violência policial e aos duros comentários de Erdogan contra os manifestantes.
Erdogan chegou a definir os participantes dos protestos como "criminosos" e advertiu que poderia pôr nas ruas milhões de seus seguidores para enfrentarem os manifestantes.
A plataforma insistiu hoje que se respeite o parque e se cancele o projeto de reurbanização, além da manutenção de um centro cultural existente na área, cuja demolição estava prevista.
Também reivindicou a punição e demissão dos responsáveis pelos atos de violência policial, a proibição do uso de bombas de gás lacrimogêneo, que as pessoas presas durante os protestos sejam libertadas sem acusações e que não se restrinja a liberdade de expressão.
O Colégio de Médicos da Turquia confirmou hoje que três pessoas morreram durante os protestos e que há três feridos em estado crítico.
Os médicos turcos contabilizaram nos seis dias de protestos um total de 4.177 feridos, dos quais dez perderam um olho e 15 sofreram traumatismo craniano.
Já o governo divulgou que o número de feridos chega a 300, a maioria policiais.