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No México, esquerda e direita reivindicam bandeira da Revolução

Associação coloca políticos ao lado das massas e permite que eles se identifiquem com as dificuldades da vida cotidiana

Enrique Peña Nieto, presidente do México: políticos querem ser vistos como herdeiros da Revolução (Henry Romero/Reuters)

Enrique Peña Nieto, presidente do México: políticos querem ser vistos como herdeiros da Revolução (Henry Romero/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 26 de novembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 26 de novembro de 2017 às 06h00.

No México, todos os políticos querem ser vistos como verdadeiros herdeiros da Revolução de um século atrás. Isso os coloca ao lado das massas e permite que eles se identifiquem com as dificuldades da vida cotidiana, como a pobreza e a insegurança, mesmo quando fazem parte do status quo.

Portanto, foi assim que, na segunda-feira, o presidente Enrique Peña Nieto, epítome do establishment, e o candidato radical de esquerda Andrés Manuel López Obrador, que quer substituí-lo, realizaram eventos para o Dia da Revolução no icônico Paseo de la Reforma.

López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México duas vezes derrotado em eleições pelo cargo mais elevado do país, discursou para uma multidão de 10.000 apoiadores no Auditório Nacional em meio a cantos de “presidente” e “vida longa ao México”. Horas depois, Peña Nieto encabeçou uma rebuscada celebração perto dali com direito a sinfonia e bailarinos folclóricos vestidos como camponeses, que se apresentaram em um palco armado nos campos de equitação e que também são a base de sua guarda presidencial.

Os analistas discutem até que ponto López Obrador faria uma revolução política e econômica se eleito em julho próximo. Amlo, como é popularmente conhecido, promete agitar as coisas arrancando a corrupção pela raiz, reduzindo o tamanho do governo, eliminando gastos desnecessários e restaurando a segurança em um país assolado pela violência. Fala também em reavaliar algumas das reformas favoráveis ao setor privado aprovadas por Peña Nieto.

O Partido Revolucionário Institucional de Peña Nieto, ou PRI -- chamado de “ditadura perfeita” em suas sete décadas ininterruptas de governo, terminado em 2000 --, e o conservador Partido de Ação Nacional, conhecido como PAN, procuram pintar López Obrador como um fanático perigoso que levará o México para o caminho socialista da Venezuela. Outros o comparam a Donald Trump, caracterizando-o como um nacionalista beligerante e impetuoso.

López Obrador procurou debelar as comparações desfavoráveis de ambos os lados nesta segunda-feira, dizendo: “não somos inspirados por nenhum governo estrangeiro, nem por Maduro, nem por Donald Trump, que fique claro. O que nos inspira são os pais de nossa nação”, invocando o herói da revolução, Francisco Madero, cujo chamado às armas ajudou a derrubar o ditador Porfirio Díaz, em 1910.

As chances do candidato podem ser maiores desta vez devido à baixa popularidade de Peña Nieto, que tocou mínimas recorde para um presidente mexicano devido aos escândalos de corrupção protagonizados por governadores de seu partido e por uma polêmica investigação por conflito de interesse de membros do círculo íntimo do presidente, que os exonerou. Apesar de o PRI ainda não ter escolhido seu candidato, López Obrador deve concorrer em um panorama de insatisfação pública com o governo atual, disse Jorge Castañeda, ex-ministro das Relações Exteriores do México pelo PAN.

Por enquanto, os investidores estão mais concentrados nos esforços do governo de Peña Nieto para renegociar o Tratado de Livre Comércio da América do Norte com os EUA do que nas eleições de daqui a sete meses. O peso subiu na terça-feira com os sinais de progresso em assuntos de menor importância do Nafta, embora as partes continuem distantes de um acordo em relação aos pontos mais polêmicos.

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