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Assassinato no Japão é quase zero. Já violência doméstica...

Relatório da ONU mostra que Japão, país com uma das menores taxas de homicídio do mundo, luta para superar violência doméstica e diminuir morte de mulheres por companheiros


	Mulheres japonesas caminham em Tóquio: apesar de estar entre os países menos violentos do mundo, Japão não conseguiu superar violência doméstica
 (Getty Images)

Mulheres japonesas caminham em Tóquio: apesar de estar entre os países menos violentos do mundo, Japão não conseguiu superar violência doméstica (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2014 às 06h24.

São Paulo - O Japão tem uma das menores taxas de homicídio do mundo. Em 2012, último dado disponível, foi registrada 0,3 morte a cada 100 mil habitantes. No Brasil, esse índice é de 25,2. Mas enquanto no mundo os homens são as grandes vítimas da violência, no Japão este papel é ocupado pelas mulheres. Elas representam mais de 50% dos casos.

De acordo com o "Estudo Global sobre Homicídio 2013", divulgado nesta quinta-feira pelo Escritório sobre Drogas e Crime das Nações Unidas (UNODC, na sigla em inglês), 80% das pessoas assassinadas em 2012 em todo o mundo eram homens.

Segundo a ONUos dados sugerem que em países com taxas de homicídio muito baixas, caso do Japão, as vítimas do sexo feminino constituem uma parte crescente das vítimas. 

Isso porque, nesses lugares, ganha peso a violência cometida por parceiros.

Na Ásia, 20,5% dos casos de homicídio foram cometidos por pessoas próximas à vítima.

O percentual é muito maior do que o registrado nas Américas (8,6%) e na África (13,7%). Regiões que, inclusive, têm taxas de homícidio muito maiores que a dos países asiáticos.

Globalmente, 47% das mulheres morrem vítimas de membros da família ou de parceiros íntimos (maridos e namorados). No caso dos homens, apenas 1 em cada 20 casos envolve relações íntimas. 

Japão

O Japão introduziu sua primeira lei de violência doméstica em 2002, quando uma pesquisa realizada a cada três anos pelo governo japonês revelou que 4,4% das mulheres respondeu que a violência sexual sofrida por elas foi forte o bastante para fazê-las temerem por suas vidas. 

Em 2005 e 2008, quando a "Pesquisa sobre a violência entre homens e mulheres" foi refeita, mais de 10% das mulheres casadas disseram ter sofrido "agressão física", "assédio moral ou ameaças assustadoras" ou "coerção sexual" por seu parceiro em "muitas ocasiões."

Além disso, na época, uma em cada 5 mulheres casadas disseram ter sofrido violência doméstica em "uma ou duas ocasiões". Isso faz com que quase um terço das mulheres casadas japonesas tenha sofrido algum tipo de violência dentro de casa. 

Em resposta aos números alarmantes - que contrastam com a baixíssima taxa de homicídios do país -, em 2011 o governo japonês criou diversas leis destinadas a proteger as mulheres.

As melhorias foram principalmente no sistema de notificação e investigação de casos de violência doméstica. O resultado veio rápido: o número de casos reportados cresceu vertiginosamente.

De acordo com o jornal Japan Times, o número de casos relatados cresceu 46% naquele ano. 

Além disso, unidades policiais especiais para casos de violência doméstica foram melhor preparadas para lidar com estes casos, os acompanhando do relatório inicial até o veredito final

As estatísitcas registradas, no entanto, mostram que a situação das mulheres continua preocupante: 26% delas relataram terem levado socos, chutes e empurrões de seus parceiros, outros 14% afirmaram terem sido obrigadas a fazer sexo, e 18% sofreram abusos psicológicos.

Segundo a ONU, o caso japonês mostra que em um contexto de níveis muito baixos de violência, ainda podem ser necessários esforços adicionais para lidar com a violência doméstica.

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