Boris Jonhson: o primeiro-ministro ameaça convocar novas eleições (Parliament/Roger Harris/Handou/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2019 às 07h10.
Última atualização em 4 de setembro de 2019 às 07h27.
Londres amanheceu com sol entre nuvens nesta quarta-feira, mas a camada de incerteza no horizonte nunca esteve tão espessa.
Por 27 votos de vantagem os parlamentares assumiram a agenda de votações, uma prerrogativa do executivo. O ato deve permitir a aprovação de uma lei proibindo o Reino Unido de deixar a União Europeia sem acordo no dia 31 de outubro.
A medida ainda prevê que, caso o premiê Boris Johnson não chegue a um acordo com Bruxelas até 19 de outubro, deve pedir um alongamento do prazo de desembarque para 31 de janeiro.
Johnson respondeu afirmando que se a medida for aprovada ele convocará novas eleições para 14 de outubro — serio o terceiro pleito em quatro anos. Mas ele não pode executar o plano unilateralmente, nem é certo, para analistas, que ele sairia vitorioso de novas eleições.
A queda de braço tem intensificado debates que se alongam desde a aprovação do Brexit em referendo em 2016: quem está, afinal, do lado da democracia?
Os defensores do Brexit defendem que ele foi aprovado pela maioria da população. Seus críticos afirmam que a votação não definiu detalhes, e que isso deveria ser feito num segundo referendo. Argumentam ainda que, para executar o desembarque europeu, os conservadores estão passando por cima de preceitos democráticos.
Uma das principais críticas é a decisão de Boris Johnson de fechar o parlamento por cinco semanas, a partir da semana que vem, para dificultar os opositores de um Brexit sem acordo. A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, afirmou que “isso não é democracia, mas ditadura”.
Outra leva de críticas se concentra na ameaça de Johnson de desfiliar os parlamentares que votarem contra um Brexit duro, o que os impediria de concorrer em novas eleições. Opositores do Brexit também afirmam que o premiê não está sendo honesto com os eleitores por não apresentar um plano factível para o Brexit.
Para os conservadores, a democracia britânica está em risco uma vez que os parlamentares não estão trabalhando para implementar decisões democráticas com as quais não concordam. “Tudo que o parlamento fez nos últimos três anos é trabalhar para adiar o Brexit”, disse à CNN o conservador John Redwood. “O parlamento disse que as pessoas deveriam decidir, e agora quer tirar esse direito das pessoas. Isso é uma questão que transcende as divisões partidárias”.