Garotos palestinos são vistos entre os escombros de uma mesquita atacada por bombardeios israelenses (REUTERS/Mohammed Salem)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2014 às 19h23.
Gaza/Cairo - As conversas para pôr fim à guerra de um mês entre Israel e militantes da Faixa de Gaza são "difíceis", disseram autoridades palestinas nesta terça-feira, enquanto autoridades israelenses afirmaram não ter havido progresso até agora e que os combates podem recomeçar em breve.
No segundo dia do cessar-fogo de 72 horas, negociadores palestinos tiveram novas conversas com a inteligência egípcia na esteira de uma reunião na segunda-feira que durou nove horas.
O Hamas, grupo islâmico que domina a Faixa de Gaza, e seus aliados almejam o fim do bloqueio imposto por Israel e Egito ao enclave costeiro.
“Estamos diante de negociações difíceis", afirmou o líder do Hamas no Cairo, Moussa Abu Marzouk, no Twitter.
Uma autoridade israelense, que se recusou a se identificar, declarou que as divergências entre as partes são grandes. “Não há progresso nas negociações”, disse.
O ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, ordenou que as forças armadas de seu país estejam prontas para uma possível retomada das hostilidades.
“Não sei se, até a meia-noite de quarta-feira, teremos chegado a um compromisso. Não sei se teremos que prolongar as negociações. Pode ser que os disparos irrompam novamente, e novamente iremos atirar neles”, afirmou.
Um funcionário palestino com conhecimento das tratativas no Cairo disse à Reuters, sob condição de anonimato: "Até agora não podemos dizer que obtivemos um avanço... mais 24 horas e veremos se temos um acordo”.
O Hamas também quer a abertura de um porto em Gaza, projeto que Israel afirma que só deve ser abordado em futuras conversas sobre um acordo de paz permanente com os palestinos.
Israel vem resistindo à suspensão do embargo econômico que sufoca Gaza e suspeita que o Hamas irá se reabastecer de armas do exterior se o acesso ao território costeiro for facilitado. O vizinho Egito também considera o grupo uma ameaça de segurança.
O funcionário palestino declarou que sua delegação concordou que a reconstrução em Gaza deve ser conduzida pelo governo de união de tecnocratas criado em junho pelo Hamas e pela secular Fatah, partido do presidente palestino, Mahmoud Abbas, sediado na Cisjordânia e apoiado pelo Ocidente.
Representantes israelenses não têm se encontrado cara a cara com a delegação palestina por incluir o Hamas, que Israel considera uma organização terrorista. O próprio Hamas afirma desejar a destruição de Israel.
Em Genebra, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou uma comissão internacional de inquérito para averiguar possíveis violações dos direitos humanos e crimes de guerra dos dois lados durante o conflito.
A comissão foi elogiada pelo Hamas e criticada por Israel.