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Negociações pós-Brexit começam por meio de videoconferência

Representantes do Reino Unido e da União Europeia vão se reunir pela primeira vez para discutir um futuro acordo comercial e de circulação de pessoas

Bernier e Frost no último encontro, em 2 de março: negociadores-chefe do Brexit estão ambos com coronavírus (Oliver Hoslet/Pool/Reuters)

Bernier e Frost no último encontro, em 2 de março: negociadores-chefe do Brexit estão ambos com coronavírus (Oliver Hoslet/Pool/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de março de 2020 às 06h00.

Última atualização em 30 de março de 2020 às 06h35.

Dois meses depois de aprovada a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), representantes do governo britânico e do bloco europeu vão sentar pela primeira vez desde o divórcio para negociar os termos do acordo que foi aprovado por ambos. A discussão acontecerá nesta segunda-feira, 30 de março, em um comitê conjunto de negociadores.

Em tempos de coronavírus, o encontro será por videoconferência, liderado pelo chefe de gabinete do Reino Unido, Michael Gove. (Os negociadores chefes da UE e do Reino Unido, David Frost e Michel Bernier, estão ambos isolados após terem confirmado estar com coronavírus).

O encontro abordará temas importantes e polêmicos e que não foram detalhados no acordo que selou a saída do Reino Unido, em 31 de janeiro deste ano. Entre eles, está o pagamento de uma multa avaliada em 39 bilhões de libras por parte do Reino Unido e os direitos dos cidadãos britânicos residentes de outros países europeus e dos europeus residentes em território britânico.

Há, ainda, o tema espinhoso sobre a fronteira terrestre entre a Irlanda, que faz parte da União Europeia, e a Irlanda do Norte, território do Reino Unido. A liberdade de movimento entre a Irlanda e a Irlanda do Norte consta no acordo de paz que deu fim à violência entre movimentos nacionalistas e unionistas nos anos 1990.

Agora, o comitê conjunto do Brexit terá a dura tarefa de tentar bolar uma maneira de manter separação entre os países que não são mais parte do mesmo bloco, sem que seja necessário reativar as barreiras para circulação de bens e pessoas.

A caminhada até a consolidação do divórcio se mostrou longa e complexa. Embora tenha começado em 2016, quando 52% dos britânicos decidiram deixar o bloco em referendo, só terminou neste ano, mais de três anos depois (o prazo inicial era março de 2019).

As partes têm até o fim do ano para selar esses detalhes. Até lá, o Reino Unido continua seguindo as regras da UE. O governo britânico do premiê Boris Johnson (eleito com o mote “get Brexit done”, ou “terminar o Brexit”), diz que não quer fazer prorrogações neste prazo como aconteceu com o acordo de saída. Mas a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já julga “impossível” terminar as conversas no prazo.

Tudo isso em meio ao já complicado cenário do coronavírus na Europa. Com quase 18.000 casos na manhã desta segunda-feira, o Reino Unido é o oitavo país com mais casos confirmados no mundo. O próprio premiê Boris Johnson teve teste positivo na semana passada.

Após uma resposta considerada tardia de Johnson, que achou que o cenário seria menos grave no Reino Unido do que em vizinhos como Espanha, França e Itália, o país está em quarentena total. A ver se ter o foco das prioridades relativamente longe do Brexit será bom ou ruim para as negociações de hoje.

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