Esse desembarque acontece depois da chegada do navio "Aquarius" em 17 de junho, com 630 migrantes a bordo (Albert Gea/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de julho de 2018 às 14h48.
O navio humanitário "Open Arms" chegou nesta quarta-feira (4) ao porto de Barcelona com 60 migrantes, entre eles cinco menores, resgatados à deriva no Mediterrâneo e acolhidos pelo governo espanhol, após serem rejeitados pela Itália.
Às 9h GMT (6h, horário de Brasília), após quatro dias de travessia do Mediterrâneo central, o navio da ONG espanhola Proactiva Open Arms chegou a este porto espanhol com 50 homens, cinco mulheres e cinco menores a bordo, entre eles três desacompanhados, de 14 nacionalidades diferentes.
Esse desembarque acontece depois da midiatizada chegada do navio "Aquarius" a Valencia, em 17 de junho, com 630 migrantes a bordo, que também haviam sido rejeitados pela Itália. A situação se repetiu na semana passada com outra embarcação, fretada pela ONG alemã Lifeline, finalmente acolhida em Malta.
Nesta quarta, no porto de Barcelona, os migrantes foram recebidos por equipes da Cruz Vermelha para uma primeira avaliação de saúde.
Depois, os passageiros deixarão a embarcação por ordem de vulnerabilidade, receberão uma segunda atenção médica mais exaustiva e serão identificados pela polícia antes de serem transferidos para os centros designados para sua acolhida, ou para hospitais, se necessário.
Os migrantes "estão bem dentro de suas circunstâncias. Não houve qualquer emergência médica grave, e estão contentes, porque foi dito a eles que o governo quer que eles venham aqui", disse à imprensa a chefe da missão da ONG Proactiva Open Arms, Anabel Montes.
As ONGs de resgate no Mediterrâneo se depararam com vários problemas nas últimas semanas, especialmente após a posse do novo governo italiano com o líder de extrema direita Matteo Salvini como ministro do Interior.
Na quarta-feira, a organização Sea-Watch garantiu que Malta impediu seu avião de reconhecimento "Moonbird" de decolar, após ter bloqueado seu navio "Sea-Watch" ontem (3).
"Obviamente é para evitar resgates no mar", disse à AFP seu porta-voz, Ruben Neugebauer.
Essas ONGs são acusadas por algumas instituições de favorecerem a imigração irregular e fazer o jogo dos traficantes de pessoas que operam no norte da África. A Proactiva Open Arms rebate a acusação e garante que se cumpre a lei marítima e que o problema existe desde muito antes da presença desses navios no Mediterrâneo central.
"A diferença é que, quando estamos ali, chega mais gente viva à terra, porque nós os resgatamos. Quando não estamos lá, morrem", afirmou Montes.
"Não resgatamos 60 pessoas, deixamos outros morrerem, e outros morrerão nos próximos dias. Desde que saímos (...) não há nenhum barco na região", lamentou o diretor da Proactiva Open Arms, Óscar Camps.
Nos últimos cinco dias, houve pelo menos três naufrágios na zona com quase 180 mortos, ou desaparecidos.