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Naufrágio de barco de migrantes deixa mais de 40 mortos na Itália

Até o momento, 80 pessoas foram resgatadas

Itália: turistas diante da Porta de Lampedusa, conhecida como Porta da Europa, monumento na ilha italiana da Sicícilia em homenagem aos migrantes que morreram no mar (AFP/Site Exame)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 26 de fevereiro de 2023 às 10h44.

Mais de 40 migrantes, incluindo um bebê de poucos meses, morreram em um naufrágioneste domingo (26) na costa da Itália, perto da cidade de Crotone, na Calábria (sul), poucos dias após a aprovação de uma polêmica lei sobre o resgate de migrantes no mar.

"Até o momento,80 pessoas foram resgatadas, algumas conseguiram chegar à costa após o naufrágio, e43 corpos foram encontrados", informa um comunicado divulgado pela Guarda Costeira.

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"Dezenas e dezenas de mortos afogados, incluindo crianças, muitos desaparecidos. Calábria está de luto com esta tragédia terrível", lamentou em uma nota Roberto Occhiuto, presidente da região calabresa.

De acordo com as equipes de resgate, a embarcação transportava mais de 120 pessoas e bateu contra algumas rochas a alguns metros da costa. O corpo de bombeiros afirmou que mais de 200 pessoas estavam a bordo.

Nas imagens divulgadas pela polícia italiana é possível observar pedaços de madeira espalhados na praia, para onde se dirigiram as equipes de emergência, enquanto os resgatados aguardavam a transferência para um centro de acolhimento.

A primeira-ministra Giorgia Meloni, líder do partido 'Fratelli d'Italia' (FDI, Irmãos da Itália, extrema-direita), expressou "profunda dor" em um comunicado e afirmou que é "criminoso enviar ao mar uma embarcação de apenas 20 metros com 200 pessoas a bordo e com uma previsão do tempo ruim".

"O governo está comprometido a impedir as saídas e este tipo de tragédia. E continuará a fazer isto ao exigir, antes de qualquer coisa, uma colaboração maior dos Estados de saída e de origem", completou.

O naufrágio aconteceu poucos dias após a aprovação no Parlamento italiano de novas e polêmicas regras para o resgate de migrantes, apoiadas pelo governo dominado pela extrema-direita.

'Imigração clandestina'

Meloni chegou ao poder em outubro com uma coalizão que prometeu a redução da entrada de migrantes ao país.

A nova lei obriga os navios humanitários a fazer apenas um resgate por saída ao mar, o que, segundo os críticos da medida, aumenta o risco de mortes no Mediterrâneo central, área considerada a travessia mais perigosa do mundo para os migrantes.

Para o ministro italiano do Interior, Matteo Piantedosi, esta "tragédia demonstra como é absolutamente necessário lutar de maneira firme contra as redes de imigração clandestina".

A situação geográfica da Itália faz do país um destino preferencial para os demandantes de asilo que viajam do norte da África para a Europa.

Roma critica há vários anos o número de chegadas a seu território. De acordo com o ministério do Interior, quase 14.000 migrantes entraram na Itália desde o início do ano, contra 5.200 no mesmo período no ano passado e 4.200 em 2021.

Embora as ONGs resgatem apenas um pequeno percentual deles - a maioria é interceptada pela Guarda Costeira ou por navios da Marinha -, o governo as acusa de estimular as viagens e e de encorajar os traficantes com suas operações.

"As pessoas no mar devem ser resgatadas independente do custo, sem penalizar quem as ajuda", afirmou no Twitter Carlo Calenda, ex-ministro e líder do partido centrista Azione.

"É inaceitável do ponto de vista humano e incompreensível, por que estamos aqui testemunhando tragédias que podem ser evitadas?", reagiu a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Twitter.

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