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"Não tem volta", diz partido governista do Zimbábue a Mugabe

Líderes do partido do presidente planjam retirá-lo do cargo caso ele continue resistindo à pressão pela renúncia

Robert Mugabe: representantes deixam claro que a legenda quer que ele deixe o poder (Mike Segar/Getty Images)

Robert Mugabe: representantes deixam claro que a legenda quer que ele deixe o poder (Mike Segar/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 17 de novembro de 2017 às 08h35.

Harare - Líderes do partido do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, estão planejando retirá-lo do cargo à força caso o líder de 93 anos resista à pressão do Exército para renunciar, disse uma fonte de alto escalão da legenda nesta sexta-feira.

O político africano de estilo peculiar, único líder que o Zimbábue conhece desde a independência em 1980, insiste que ainda está no poder. Mas a fonte do Zanu-PF, partido de Mugabe, deixou claro que a legenda quer que ele deixe o poder.

"Se ele permanecer teimoso, arranjaremos para que ele seja afastado no domingo", disse a fonte. "Quando isso for feito, seu impeachment será na terça-feira."

O The Herald, jornal oficial do Zimbábue, publicou fotografias na noite de quinta-feira que mostram Mugabe sorrindo e cumprimentando o chefe militar, general Constantino Chiwenga, que tomou o poder esta semana.

Isso sugere que Mugabe estava conseguindo resistir ao golpe de Chiwenga, com algumas fontes políticas afirmando que ele estava tentando adiar sua saída até as eleições, agendadas para o ano que vem.

A fonte do Zanu-PF afirmou que este não é o caso. Ansiosos para evitar um impasse prolongado, líderes do partido estão esboçando planos para destituir Mugabe no final de semana, caso ele se recuse a sair, disse a fonte.

"Não tem volta", disse a fonte à Reuters. "É como uma partida adiada por fortes chuvas, com o time de casa liderando por 90 a 0 aos 89 minutos de jogo."

As opções de Mugabe parecem limitadas. O Exército está acampado na sua parte. Sua esposa, Grace, está sob prisão domiciliar e seus aliados políticos estão sob custódia militar. A polícia, que já foi bastião de apoio, não mostrou sinais de resistência.

Além disso, Mugabe tem pouco apoio popular na capital e a oposição está fortalecida, explorando a raiva e a frustração com a condução da economia, que entrou em colapso após a tomada de controle de fazendas de propriedade de brancos em 2000.

O desemprego está agora em quase 90 por cento. A escassez crônica de moeda forte está levando o preço dos importados a subirem até 50 por cento ao mês.

Em comunicado transmitido pela televisão nacional, o Exército disse estar "envolvendo" Mugabe e que anunciaria uma resolução assim que possível.

O Exército parece querer que Mugabe deixe o cargo discretamente e permita uma transição suave e sem violência para Emmerson Mnangagwa, o vice-presidente, cujos saques na semana passada levaram à tomada do poder pelo Exército.

O principal objetivo dos militares é evitar que Mugabe passe o poder à sua esposa, Grace, que pareceu à beira do poder depois que Mnangagwa foi demitido.

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