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Não percam tempo enquanto o planeta queima, diz secretário-geral da ONU

Na cúpula do clima, António Guterres fez alerta para que governos não fiquem "sonâmbulos" até que a situação seja irreversível

António Guterres: secretário-geral da ONU discursou na abertura da cúpula do clima em Madri  (Sergio Perez/Reuters)

António Guterres: secretário-geral da ONU discursou na abertura da cúpula do clima em Madri (Sergio Perez/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 19h24.

Madri — O mundo deve escolher entre a esperança e a rendição na luta contra as mudanças climáticas, afirmou nesta segunda-feira (2) o secretário-geral da ONU, António Guterres, que fez um alerta a à cúpula do clima em Madri de que alguns governos estavam em risco de andar como sonâmbulos até que a situação se torne irreversível.

A última rodada de negociações anuais para reforçar o Acordo de Paris de 2015 para conter o aquecimento global começou diante de um cenário incomum de desastres climáticos severos, desde incêndios no Ártico, na Amazônia e na Austrália até intensos furacões tropicais.

"Queremos mesmo ser lembrados como a geração que enterrou a cabeça na areia, que perdeu tempo enquanto o planeta queimava?", disse Guterres na sessão de abertura da reunião que terá duração de duas semanas, realizada em um centro de conferências semelhante a um hangar na capital espanhola.

"Um é o caminho da rendição, onde andamos como sonâmbulos até que a situação seja irreversível", disse. "A outra opção é o caminho da esperança. O caminho da resolução, das soluções sustentáveis."

Os delegados têm o objetivo de resolver uma importante questão remanescente no acordo de Paris: regulamentações sobre o comércio de carbono que são vistas como vitais como um pontapé inicial para ações mais rápidas para reduzir emissões.

Mas a cúpula também está sendo observada como um teste mais amplo do comprometimento internacional ao tipo de mudanças importantes em energia, transportes e indústria que os cientistas afirmam ser necessários para que o mundo abandone sua dependência em combustíveis fósseis de maneira rápida o bastante para evitar uma catástrofe.

Mark Montegriffo, um estudante de jornalismo, veio de Londres para se juntar a dezenas de manifestantes do movimento Extinction Rebellion que se reuniram do lado de fora do local para exigir ações mais contundentes das autoridades reunidas.

"Precisamos de uma transformação radical, mas começa nas ruas, começa aqui", disse o jovem de 22 anos.

O processo de Paris vai enfrentar sua hora da verdade no ano que vem, quando os governos devem revelar propostas mais ambiciosas para cortar a produção de gases que promovem o aquecimento do planeta a tempo de impedir que algumas mudanças climáticas irreversíveis sigam adiante.

Sob promessas existentes, o mundo está passando pelo tipo de aumento de temperatura que poderia ameaçar a estabilidade de sociedades industriais e assolar áreas do mundo em desenvolvimento na segunda metade do século, dizem cientistas.

Embora um crescente movimento liderado por jovens pressione os líderes mundiais a agirem, a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de iniciar a retirada do acordo no mês passado, colocou uma perspectiva sombria sobre a última rodada de negociações.

Ainda assim, a presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, que conduz o inquérito de impeachment do presidente em Washington, compareceu à rodada de conversas na segunda-feira para garantir que o Congresso dos EUA se comprometeu a agir de maneira ambiciosa em relação às mudanças climáticas.

"Ao vir aqui queremos dizer a todos que ainda estamos dentro, os Estados Unidos ainda estão no acordo", disse Pelosi a jornalistas na conferência.

O primeiro-ministro interino da Espanha, Pedro Sánchez, cujo governo se ofereceu para sediar a cúpula após os tumultos no Chile — local original para o encontro — fez um apelo aos delegados para que tomem medidas ambiciosas para preservar o "equilíbrio frágil" da vida na Terra.

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