Mursi se ofereceu para renunciar ao artigo 6 de seu polêmico decreto constitucional, promulgado há duas semanas, ''se o diálogo com as forças políticas assim decidir'' (Alberto Pizzoli/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 19h22.
Cairo - O presidente egípcio, Mohammed Mursi, pediu nesta quinta-feira, em discurso à nação, que todos seus compatriotas superem suas diferenças e deem as mãos acima de suas afiliações políticas e divergências partidárias.
Da mesma forma, o presidente disse que, embora respeite a liberdade de expressão, ''não tolerará que haja assassinatos ou atos de vandalismo'', e acusou os manifestantes de terem atacado o comboio presidencial na noite da terça-feira passada.
''Convido para um diálogo global e produtivo todas as forças políticas, presidentes de partidos políticos, jovens da revolução e os juízes para que no próximo sábado nos reunamos na sede da presidência para conseguir um acordo completo e sair da divisão'', declarou.
Este diálogo, segundo o líder, abordará principalmente o Conselho da Shura (câmara alta), a lei eleitoral e o referendo sobre a nova Constituição, previsto para o dia 15 de dezembro e que a oposição exige que seja adiado.
''O país prepara-se para realizar o referendo, e se o povo o aceitar, começará a construção das instituições do Estado. Se não o aprovar, formarei uma nova Assembleia Constituinte, seja por consenso ou eleição direta, para elaborar uma nova Constituição'', assinalou.
Além disso, Mursi se ofereceu para renunciar ao artigo 6 de seu polêmico decreto constitucional, promulgado há duas semanas, ''se o diálogo com as forças políticas assim decidir''.
Esse artigo diz que ''o presidente, em caso de ameaça à revolução, à união nacional ou à segurança da nação, poderá tomar todas as medidas que veja necessárias para fazer frente a essa ameaça'', embora Mursi não tenha mencionado os outros artigos do decreto, como o que blinda seus poderes perante a Justiça.
O presidente abriu seu discurso com referências aos últimos incidentes em torno do Palácio Presidencial, pelos quais acusou ''infiltrados com armas de fogo'' e nos quais morreram seis pessoas e mais de 700 ficaram feridas.
''A oposição política realiza uma missão nobre e tem o direito à liberdade de expressão, mas nunca tolerarei o assassinato nem o vandalismo nem a incitação à violência'', acrescentou.