Estado Islâmico: o Vaticano e líderes cristãos pediram aos muçulmanos para se pronunciarem contra os jihadistas (AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2014 às 14h14.
Paris - O Conselho Muçulmano na França, que abriga a grande minoria islâmica na Europa, denunciou nesta terça-feira a perseguição de cristãos no Oriente Médio e disse que os fiéis das mesquitas do país iriam orar por eles nesta semana.
Em um pronunciamento junto com um grupo cristão, o Conselho disse que "bárbaros estão praticando crimes contra a humanidade" na região, "explorando o islamismo como bandeira".
Diversos grupos muçulmanos franceses condenaram as duras táticas do grupo extremista Estado Islâmico, porém foi a primeira vez que se uniram aos cristãos para apoiarem as vítimas.
O Vaticano e líderes cristãos de países ocidentais pediram aos muçulmanos para se pronunciarem contra o Estado Islâmico. Muitos o fizeram, porém a natureza descentralizada do islamismo faz com que essas declarações individuais frequentemente tenham menos peso do que um esforço conjunto.
"Os signatários reafirmam que apoiam seus irmãos cristãos no Oriente Médio, muitos deles árabes, assim como todas as outras minorias na região que são agora vítimas de uma campanha destrutiva desses grupos terroristas que ameaçam a existência dos cristãos", afirmou o grupo no pronunciamento.
Os combatentes do Estado Islâmicos expulsaram os cristãos na cidade de Mossul, no norte iraquiano, em julho, acabando com uma presença que teve início nos primeiros anos do cristianismo. O grupo islâmico sunita também tem como alvo muçulmanos xiitas e minorias religiosas, matando centenas de prisioneiros no Iraque e nos arredores da Síria.
"A questão dos cristãos no Oriente Médio não é só dos cristãos", disse Patrick Karam, líder do grupo dos Cristãos Ameaçados no Oriente Médio, que elaborou o pronunciamento com o conselho muçulmano. "Muçulmanos franceses estão conosco para apoiá-los".
Há cerca de cinco milhões de muçulmanos na França, o que representa 8% da população do país. Outras grandes minorias muçulmanas vivem no Reino Unido e na Alemanha.
O presidente do Conselho Muçulmano na França, Dalil Boubakeur, disse que o grande mufti da Arábia Saudita e grandes organizações muçulmanas no Reino Unido e nos EUA condenaram claramente o Estado Islâmico Se os militantes tiverem sucesso em expulsar os cristãos do Oriente Médio, ele disse, isso poderia prejudicar as relações entre religiões em outros lugares. "O muçulmanos na Europa seriam suspeitos", afirmou.
Boubakeur e outros líderes expressaram que organizações islâmicas têm de trabalhar contra o radicalismo, explicando para jovens muçulmanos que o islamismo não aprova esses assassinatos. Anouar Kbibech, líder de uma associação de mesquitas na França, disse que jovens muçulmanos devem entender que o Estado Islâmico está tentando fazer uma limpeza étnica. "Eles não podem ser enganados", afirmou.
De acordo com Karam, o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, disse a ele na última semana que cerca de 800 cidadãos franceses eram "candidatos ou estavam próximos" de trabalhar com militantes do Estado Islâmico, sendo que 20% deles eram convertidos ao islamismo.
Segundo informações do ministro, cerca de 360 franceses estavam ativamente participando do grupo extremista, enquanto 220 estavam se preparando para lutar e em torno de 180 indivíduos estavam "em trânsito para a Turquia", disse Karam sem dar mais detalhes. "Os 150 que voltaram estão em toda a França", completou. "Podemos esperar uma onda de ataques terroristas no país". Fonte: Associated Press.