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Movimentos militares de Venezuela e Guiana preocupam o Brasil, diz Itamaraty

Soldados venezuelanos iniciaram exercícios militares e a Guiana receberá a visita de navio militar do Reino Unido

Os presidentes Irfaan Ali, da Guiana, e Nicolás Maduro, da Venezuela (AFP)

Os presidentes Irfaan Ali, da Guiana, e Nicolás Maduro, da Venezuela (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 29 de dezembro de 2023 às 11h26.

Última atualização em 29 de dezembro de 2023 às 12h14.

O governo do Brasil, por meio do Itamaraty, disse nesta sexta, 29, que acompanha "com preocupação" os últimos acontecimentos na disputa entre Venezuela e Guiana pela região de Essequibo.

Nesta sexta, um navio de guerra britânico, o HMS Trent, deve ir até a costa da Guiana e ficar na região por ao menos uma semana, para exercícios de defesa conjuntos com militares da Guiana.

Ao mesmo tempo, mais de 5 mil soldados venezuelanos iniciaram exercícios militares, em resposta ao que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou de "provocação e ameaça do Reino Unido".

"O governo brasileiro acredita que demonstrações militares de apoio a qualquer das partes devem ser evitadas, a fim de que o processo de diálogo ora em curso possa produzir resultados. O Brasil conclama as partes à contenção, ao retorno ao diálogo e ao respeito ao espírito e à letra da Declaração de Argyle", disse o Itamaraty, em nota, citando acordo assinado entre Venezuela e Guiana em 14 de dezembro.

"A declaração estabeleceu o compromisso de Guiana e Venezuela de não utilização da força ou da ameaça do uso da força, de respeito ao direito internacional e de comprometimento com a integração regional e a unidade da América Latina e o Caribe. Os dois países concordaram, ademais, em cooperar para evitar incidentes no terreno e medidas unilaterais que possam levar a uma escalada da situação", disse o Ministério das Relações Exteriores, em nota.

Entenda a crise entre Venezuela e Guiana

A chegada do HMS Trent rompe uma frágil trégua entre os dois países após uma reunião em São Vicente e Granadinas entre Maduro e o presidente guianense, Irfaan Ali, na qual ambos se comprometeram a não escalar para um conflito militar. Segundo Caracas, a chegada da embarcação viola o compromisso estabelecido no encontro.

A Venezuela afirma que Essequibo, região de 160 mil km² rica em recursos naturais, faz parte de seu território como era em 1777, quando era colônia da Espanha. O país apela ao Acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que assentava as bases para uma solução negociada.

A Guiana, por outro lado, se atém a um laudo arbitral de Paris de 1899, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais, que Georgetown pede que seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ).

A Venezuela aumentou seu esforço para tentar se apropriar de Essequibo nos últimos anos, depois que foram descobertas grandes reservas de petróleo na região. Em 3 de dezembro, o governo Maduro organizou um plebiscito no qual os venezuelanos demonstraram apoiar a anexação do território vizinho.

Depois disso, Maduro passou a divulgar mapas da Venezuela que incluem o território vizinho, assinou decretos em relação a Essequibo e prometeu agir para incorporar a região à Venezuela.

Com AFP. 

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