Mundo

Mortes por furacão que arrasou Porto Rico em 2017 saltam de 64 para 1.427

Nova estimativa é 20 vezes superior ao anteriormente divulgado pelo governo e leva em conta mortes por efeitos secundários do furacão Maria

 (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

(Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 9 de agosto de 2018 às 16h24.

Última atualização em 9 de agosto de 2018 às 16h30.

São Paulo - As autoridades de Porto Rico, nos Estados Unidos, admitiram que mais de 1400 pessoas podem ter morrido em decorrência da passagem do furacão Maria, que devastou a ilha em setembro do ano passado. Na ocasião, os números oficiais falavam em 64 mortos. A nova estimativa é mais de 20 vezes superior ao anteriormente divulgado.

O novo saldo, de 1427 mortes, foi divulgado em um relatório que o governo porto-riquenho enviou ao congresso norte-americano para propor um plano de recuperação para a região de 139 bilhões de dólares.

Mas o que explica essa diferença gritante? Segundo o relatório, ao qual o jornal The New York Times teve acesso, a maior parte das mortes ocorreram por uma série de falhas sistêmicas na esteira do furacão e não diretamente por conta do fenômeno em si (como no caso de mortes causadas por desmoronamento de estruturas ou inundações).

O furacão deixou Porto Rico em situação insalubre e muita gente morreu por efeitos secundários da devastação.

Nas semanas e meses seguintes ao furacão Maria, faltava de tudo no arquipélago: alimentos, água potável, medicamentos e artigos de higiene pessoal. Assistência para a recuperação chegava pouco a pouco, devido às dificuldades logísticas - só era possível acessar a região de barco ou avião.

O furacão destruiu quase todas os sistemas de comunicação e de transmissão de energia, mergulhando praticamente todo o país na escuridão. Por tabela, a falta de energia elétrica lançou o sistema de saúde no caos.

Lotados, os hospitais operavam com ajuda de geradores, dependentes de combustível que a qualquer momento podia acabar.

Muitas pessoas morreram devido à dificuldade de acessar hospitais ou à ausência de energia para manter máquinas de apoio vital funcionando. 

Os dados atualizados sobre as vítimas do furacão derivam de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Penn State e publicado no começo do mês no Jornal da Associação Médica Americana.

“Quando a área é inundada e fica sem energia, esse não é um ambiente seguro para uma avó em diálise. Não é seguro para alguém ter um ataque de asma e precisar de tratamento. Essencialmente, é isso que estamos tentando resolver. Não apenas as pessoas que se afogaram ou morreram em deslizamentos de terra, mas também as pessoas que morreram porque não tinham acesso a tratamentos para necessidades básicas”, dizem os pesquisadores em comunicado da entidade. 

Para estimar o número de mortes por efeitos secundários, os pesquisadores analisaram os registros de óbitos nos meses seguintes à passagem do furacão. Para os cientistas, esse tipo de estatística (que considera mortes por efeitos secundários) pode ajudar os governos  a se prepararem melhor para responder a futuros desastres climáticos, a partir da reformulação de protocolos, políticas e processos de gerenciamento de emergências. 

 

Acompanhe tudo sobre:Desastres naturaisFuracõesMeio ambiente

Mais de Mundo

Quem é Jean-Luc Mélenchon? Líder da esquerda na França comemora a vitória da Nova Frente Popular

Texas se prepara para a chegada da tempestade tropical Beryl

Chefe de comitê da Câmara dos EUA pede que médico divulgue diagnósticos de Biden

Eleições na França: o que acontece após vitória do bloco de esquerda e renúncia de primeiro-ministro

Mais na Exame