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Morte de Zenawi mergulha Etiópia na incerteza

O país africano não divulgou ainda a data do funeral do primeiro-ministro

Zenawi, que morreu na segunda-feira à noite em um hospital de Bruxelas de uma doença ainda não especificada, deixa um grande vazio na África (Khaled al Fiqi/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2012 às 20h19.

Adis-Abeba - A morte do primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, no comando do país desde 1991, provocou nesta terça-feira uma sensação de incerteza na Etiópia, que declarou luto nacional de duração ainda desconhecida.

O país africano, potência econômica regional, mas com um histórico questionável em matéria de direitos humanos, também não divulgou ainda a data do funeral do primeiro-ministro, que acumulava poderes próprios de um chefe de Estado.

Por enquanto, o vice-primeiro-ministro e ministro de Exteriores, Hailemariam Desalegn, exercerá como primeiro-ministro interino até o final do mandato, que deve ser concluído em 2015.

Zenawi, que morreu na segunda-feira à noite em um hospital de Bruxelas de uma doença ainda não especificada, deixa um grande vazio na África , já que era um dos líderes africanos que mais alto falou pelos interesses do continente no mundo.

Aliado do Ocidente, o líder participou da luta global contra o terrorismo com a aprovação dos Estados Unidos, que o apoiou em 2006 contra a suposta ameaça fundamentalista da União das Cortes Islâmicas na Somália, e em sua atual incursão em território somali contra os radicais islâmicos de Al Shabab.

O corpo do falecido líder deve chegar nesta terça-feira pelo Aeroporto Internacional de Bole, em Adis-Abeba, transportado por um avião da companhia aérea nacional etíope de Bruxelas. Segundo a imprensa local, em seguida será levado ao Palácio Nacional escoltado por generais do Exército etíope.


Enquanto isso, o governo está trabalhando para convocar o Parlamento, encarregado de nomear Hailemariam. "De acordo com a Constituição da Etiópia, o vice-primeiro-ministro jurará o cargo perante o Parlamento em breve (...) e começará como primeiro-ministro em plenitude", disse o porta-voz governamental, Bereket Simon.

Simon já havia anunciado em julho que Zenawi se recuperava de uma doença provocada pelo "esgotamento". O porta-voz do governo compareceu então perante os meios de comunicação locais depois que informações sobre a situação crítica do primeiro-ministro começaram a circular no país.

Numerosos líderes, africanos e ocidentais, lamentaram a morte do "filho predileto da África" como foi chamado pelo presidente da Comissão da União Africana (UA), Jean Ping.

Além disso, seus aliados destacaram o trabalho que Zenawi desempenhou no crescimento econômico da Etiópia, até transformá-la em uma das potências regionais, apesar das abismais diferenças sociais e econômicas dentro de suas fronteiras.

O chefe do governo também tinha inimigos políticos. Seus opositores o lembraram nesta terça como um líder autoritário e opressor, e pediram que sua morte sirva para mudar o futuro do país.

"Seu governo afastou as vozes dissidentes, desmantelou a imprensa independente, obstruiu as organizações de defesa dos direitos humanos e asfixiou a oposição política", afirmou a Anistia Internacional em comunicado assinado por Claire Beston, pesquisadora para a Etiópia.


Em um ponto intermediário se manifestou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que, apesar de enviar suas condolências e prometer ajuda ao país aliado no futuro, instou as autoridades a "aumentar seu apoio ao desenvolvimento, à democracia,

à segurança, aos direitos humanos e à prosperidade de seu povo".

Zenawi dirigia a Etiópia desde 1991 (até 1995 como presidente, depois como primeiro-ministro), quando derrubou o governo de Mengistu Haile Mariam, líder da Junta Militar que controlou o país desde a morte do imperador Haile Selassie.

A morte de Meles Zenawi deixa em dúvida o futuro da Etiópia, uma economia que emerge com força, mas cuja população vive em condições precárias e que foi muitas vezes silenciada.

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Adis-Abeba - A morte do primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, no comando do país desde 1991, provocou nesta terça-feira uma sensação de incerteza na Etiópia, que declarou luto nacional de duração ainda desconhecida.

O país africano, potência econômica regional, mas com um histórico questionável em matéria de direitos humanos, também não divulgou ainda a data do funeral do primeiro-ministro, que acumulava poderes próprios de um chefe de Estado.

Por enquanto, o vice-primeiro-ministro e ministro de Exteriores, Hailemariam Desalegn, exercerá como primeiro-ministro interino até o final do mandato, que deve ser concluído em 2015.

Zenawi, que morreu na segunda-feira à noite em um hospital de Bruxelas de uma doença ainda não especificada, deixa um grande vazio na África , já que era um dos líderes africanos que mais alto falou pelos interesses do continente no mundo.

Aliado do Ocidente, o líder participou da luta global contra o terrorismo com a aprovação dos Estados Unidos, que o apoiou em 2006 contra a suposta ameaça fundamentalista da União das Cortes Islâmicas na Somália, e em sua atual incursão em território somali contra os radicais islâmicos de Al Shabab.

O corpo do falecido líder deve chegar nesta terça-feira pelo Aeroporto Internacional de Bole, em Adis-Abeba, transportado por um avião da companhia aérea nacional etíope de Bruxelas. Segundo a imprensa local, em seguida será levado ao Palácio Nacional escoltado por generais do Exército etíope.


Enquanto isso, o governo está trabalhando para convocar o Parlamento, encarregado de nomear Hailemariam. "De acordo com a Constituição da Etiópia, o vice-primeiro-ministro jurará o cargo perante o Parlamento em breve (...) e começará como primeiro-ministro em plenitude", disse o porta-voz governamental, Bereket Simon.

Simon já havia anunciado em julho que Zenawi se recuperava de uma doença provocada pelo "esgotamento". O porta-voz do governo compareceu então perante os meios de comunicação locais depois que informações sobre a situação crítica do primeiro-ministro começaram a circular no país.

Numerosos líderes, africanos e ocidentais, lamentaram a morte do "filho predileto da África" como foi chamado pelo presidente da Comissão da União Africana (UA), Jean Ping.

Além disso, seus aliados destacaram o trabalho que Zenawi desempenhou no crescimento econômico da Etiópia, até transformá-la em uma das potências regionais, apesar das abismais diferenças sociais e econômicas dentro de suas fronteiras.

O chefe do governo também tinha inimigos políticos. Seus opositores o lembraram nesta terça como um líder autoritário e opressor, e pediram que sua morte sirva para mudar o futuro do país.

"Seu governo afastou as vozes dissidentes, desmantelou a imprensa independente, obstruiu as organizações de defesa dos direitos humanos e asfixiou a oposição política", afirmou a Anistia Internacional em comunicado assinado por Claire Beston, pesquisadora para a Etiópia.


Em um ponto intermediário se manifestou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que, apesar de enviar suas condolências e prometer ajuda ao país aliado no futuro, instou as autoridades a "aumentar seu apoio ao desenvolvimento, à democracia,

à segurança, aos direitos humanos e à prosperidade de seu povo".

Zenawi dirigia a Etiópia desde 1991 (até 1995 como presidente, depois como primeiro-ministro), quando derrubou o governo de Mengistu Haile Mariam, líder da Junta Militar que controlou o país desde a morte do imperador Haile Selassie.

A morte de Meles Zenawi deixa em dúvida o futuro da Etiópia, uma economia que emerge com força, mas cuja população vive em condições precárias e que foi muitas vezes silenciada.

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