Morales, entre redução da pobreza e briga com imprensa
Esta disputa se soma aos confrontos que Morales mantém no plano internacional com os Estados Unidos
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 16h55.
La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales , completa seu sétimo ano de governo com a estabilidade econômica e a redução da pobreza como pontos fortes, mas com a sombra de ser o primeiro governante em 30 anos de democracia a processar veículos de imprensa.
Esta disputa se soma aos confrontos que Morales mantém no plano internacional com os Estados Unidos, país que acusa de conspiração, e com o Chile, ao qual reivindica uma saída ao Pacífico, já que a Bolívia perdeu seu litoral marítimo em uma guerra com esse país no fim do século XIX.
Em 2012, o melhor ano econômico da Bolívia em sua história, graças ao aumento nos preços das matérias-primas, permitiu manter os números macroeconômicas positivos e um reconhecimento internacional que melhorou sua imagem.
Um sinal da confiança externa foi o retorno da Bolívia em outubro, após cem anos, às bolsas de valores com o leilão de bônus a dez anos por US$ 500 milhões. Outro foi o aumento dos investimentos estrangeiros diretos, que no primeiro semestre foi de US$ 577 milhões, 53% a mais que no mesmo período do ano anterior.
O Produto Interno Bruto chegou a US$ 26 bilhões, quase o triplo dos US$ 9,5 bilhões de 2005, um ano antes da chegada de Morales ao poder, enquanto a extrema pobreza caiu de 45% em 2000 para 24% em 2011, segundo o Banco Central.
No entanto, analistas e empresários sustentam que os fundos poderiam ter sido melhor administrados para garantir um desenvolvimento sustentável a médio e longo prazo.
A oposição vai além e acusa o Executivo de "mal utilizar" os US$ 54 bilhões gerados pela Bolívia nos últimos anos e de não ter conseguido ainda industrializar a riqueza natural em mineração e hidrocarbonetos.
Neste ano, Morales também manteve sua política de nacionalizações, concretizada na desapropriação da Transportadora de Eletricidade, da Red Eléctrica da Espanha, e de duas empresas mineradoras, filiais de companhias de Suíça e Canadá, sem que até agora tenham sido feitos acordos sobre as indenizações.
Uma das "sombras" da gestão de Morales é o que os analistas consideram uma política de "amedrontamento" da imprensa, após as denúncias penais do governante contra dois jornais e uma agência de notícias por suposta incitação ao racismo contra ele.
Trata-se do primeiro processo penal de um chefe de Governo boliviano contra a imprensa em 30 anos de democracia na Bolívia, um caso que as associações profissionais consideram que provoca uma autocensura entre os informadores, o que reduz as vozes críticas contra Morales.
Além disso, a minoritária oposição se fragmentou e denuncia que não pode exercer seu papel fiscalizador por estar perseguida politicamente por juízes e promotores.
Como exemplo, o caso do senador opositor Roger Pinto, asilado há seis meses na embaixada do Brasil em La Paz sem que o governo lhe conceda o salvo-conduto para deixar a Bolívia.
Outra sombra é a do aumento do narcotráfico em um ano no qual as autoridades deram informações contraditórias sobre a presença dos cartéis internacionais no país.
A primeira redução de cultivos de folhas de coca em cinco anos não foi suficiente para frear os alertas feitos pela Igreja Católica sobre o aumento do narcotráfico.
A luta contra a corrupção foi outro tema de batalha de Morales, que recentemente se declarou magoado após a descoberta de uma rede de advogados governamentais que extorquia detidos e pressionava juízes e promotores.
Este foi também o ano da derrota do movimento contestatário do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), que voltou a protestar - inutilmente - entre a Amazônia e La Paz contra o projeto de construção de uma estrada que dividirá essa reserva natural.
Este conflito pode comprometer o futuro no poder do primeiro presidente indígena da Bolívia em relação a um eventual terceiro mandato consecutivo, hipótese proibida pela Constituição e que o próprio líder não confirmou se tem essa intenção.
O presidente boliviano fecha o ano com um apoio popular de 59%, 11 pontos a mais que há seis meses, segundo o instituto Ipsos.
La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales , completa seu sétimo ano de governo com a estabilidade econômica e a redução da pobreza como pontos fortes, mas com a sombra de ser o primeiro governante em 30 anos de democracia a processar veículos de imprensa.
Esta disputa se soma aos confrontos que Morales mantém no plano internacional com os Estados Unidos, país que acusa de conspiração, e com o Chile, ao qual reivindica uma saída ao Pacífico, já que a Bolívia perdeu seu litoral marítimo em uma guerra com esse país no fim do século XIX.
Em 2012, o melhor ano econômico da Bolívia em sua história, graças ao aumento nos preços das matérias-primas, permitiu manter os números macroeconômicas positivos e um reconhecimento internacional que melhorou sua imagem.
Um sinal da confiança externa foi o retorno da Bolívia em outubro, após cem anos, às bolsas de valores com o leilão de bônus a dez anos por US$ 500 milhões. Outro foi o aumento dos investimentos estrangeiros diretos, que no primeiro semestre foi de US$ 577 milhões, 53% a mais que no mesmo período do ano anterior.
O Produto Interno Bruto chegou a US$ 26 bilhões, quase o triplo dos US$ 9,5 bilhões de 2005, um ano antes da chegada de Morales ao poder, enquanto a extrema pobreza caiu de 45% em 2000 para 24% em 2011, segundo o Banco Central.
No entanto, analistas e empresários sustentam que os fundos poderiam ter sido melhor administrados para garantir um desenvolvimento sustentável a médio e longo prazo.
A oposição vai além e acusa o Executivo de "mal utilizar" os US$ 54 bilhões gerados pela Bolívia nos últimos anos e de não ter conseguido ainda industrializar a riqueza natural em mineração e hidrocarbonetos.
Neste ano, Morales também manteve sua política de nacionalizações, concretizada na desapropriação da Transportadora de Eletricidade, da Red Eléctrica da Espanha, e de duas empresas mineradoras, filiais de companhias de Suíça e Canadá, sem que até agora tenham sido feitos acordos sobre as indenizações.
Uma das "sombras" da gestão de Morales é o que os analistas consideram uma política de "amedrontamento" da imprensa, após as denúncias penais do governante contra dois jornais e uma agência de notícias por suposta incitação ao racismo contra ele.
Trata-se do primeiro processo penal de um chefe de Governo boliviano contra a imprensa em 30 anos de democracia na Bolívia, um caso que as associações profissionais consideram que provoca uma autocensura entre os informadores, o que reduz as vozes críticas contra Morales.
Além disso, a minoritária oposição se fragmentou e denuncia que não pode exercer seu papel fiscalizador por estar perseguida politicamente por juízes e promotores.
Como exemplo, o caso do senador opositor Roger Pinto, asilado há seis meses na embaixada do Brasil em La Paz sem que o governo lhe conceda o salvo-conduto para deixar a Bolívia.
Outra sombra é a do aumento do narcotráfico em um ano no qual as autoridades deram informações contraditórias sobre a presença dos cartéis internacionais no país.
A primeira redução de cultivos de folhas de coca em cinco anos não foi suficiente para frear os alertas feitos pela Igreja Católica sobre o aumento do narcotráfico.
A luta contra a corrupção foi outro tema de batalha de Morales, que recentemente se declarou magoado após a descoberta de uma rede de advogados governamentais que extorquia detidos e pressionava juízes e promotores.
Este foi também o ano da derrota do movimento contestatário do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), que voltou a protestar - inutilmente - entre a Amazônia e La Paz contra o projeto de construção de uma estrada que dividirá essa reserva natural.
Este conflito pode comprometer o futuro no poder do primeiro presidente indígena da Bolívia em relação a um eventual terceiro mandato consecutivo, hipótese proibida pela Constituição e que o próprio líder não confirmou se tem essa intenção.
O presidente boliviano fecha o ano com um apoio popular de 59%, 11 pontos a mais que há seis meses, segundo o instituto Ipsos.