Morales acusa oposição de tentar um "golpe de Estado" na Bolívia
Diante de protestos da oposição, Evo Morales negou denúncias de fraude eleitoral
EFE
Publicado em 23 de outubro de 2019 às 10h40.
La Paz — O presidente da Bolívia, Evo Morales , classificou nesta quarta-feira de "golpe de Estado" as denúncias de fraude eleitoral feitas pela oposição e pediu aos seus eleitores que sigam em "em estado de emergência" para defender a democracia contra aqueles que não reconhecerem sua vitória no primeiro turno pela quarta vez consecutiva.
Evo Morales falou a jornalistas - mas sem responder perguntas -, hoje, em La Paz, após dois dias de protestos no país por suspeita de fraude eleitoral a seu favor.
O atual presidente se considera vencedor "pela quarta eleição consecutiva", enquanto a apuração oficial de votos chega a quase 97%, com 46,49% a seu favor e 37,01% para o opositor Carlos Mesa.
Essa porcentagem coloca o presidente boliviano a apenas 0,52% dos votos para evitar um segundo turno.
O presidente previu que terá uma maioria parlamentar "em breve" para manter os dois terços que possui atualmente com que conta agora, e enfatizou ter mais de meio milhão de votos de vantagem sobre seu rival.
Além disso, o mandatário pediu atenção ao povo boliviano e ao mundo inteiro para o que chamou de "processo de golpe de Estado" da direita opositora.
Evo Morales disse que seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), não entrará em confronto, porque aguenta "humildemente" os protestos que o país vive desde a última segunda-feira.
Ele acusou seus oponentes de dificultar a apuração de votos, com atos violentos como ataques às sedes do órgão eleitoral em várias regiões e comitês de campanha de seu partido.
"Não estamos nos tempos coloniais e nem nas monarquias para designar presidentes fora da vontade popular", advertiu Morales, antes de reiterar o chamado às suas bases "para se organizarem para defender a democracia".
"É quase certo que, com o voto das áreas rurais, venceremos no primeiro turno", afirmou, denunciando que a direita não quer reconhecer sua vitória.
Ele ressaltou que não é responsável "pelo confronto entre bolivianos" e acusou a direita de "instigar o ódio e ignorar o voto do movimento indígena".
O presidente alertou que as greves de protestos convocadas em algumas regiões do país para hoje apenas prejudicam a economia e as classificou de políticas.