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Moçambique tem eleições gerais após violenta campanha eleitoral

Crise econômica e dos conflitos armados podem fazer partido que está no poder desde 1975 pode perder o controle do país

Moçambique: governo enfrenta uma crise desde 2016, por conta do escândalo da "dívida oculta" (Grant Lee Neuenburg/Reuters)
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AFP

Publicado em 15 de outubro de 2019 às 08h35.

Os moçambicanos comparecem às urnas nesta terça-feira, em um clima tenso, para eleições gerais que podem obrigar o partido no poder desde 1975 a ceder parte do controle de um país debilitado pela crise econômica e os conflitos armados.

Após uma das campanhas eleitorais mais violentas da história de Moçambique, as pesquisas apontam a vitória nas presidenciais e legislativas do atual chefe de Estado, Filipe Nyus, e de sua Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que governa o país há 44 anos.

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Nyus deve superar o seu grande rival Ossufo Momade e o partido Resistência Nacional de Moçambique (Renamo).

Em agosto, o governo e a Renamo, ex-rebelião da guerra civil (1975-1992) que virou o principal partido da oposição, assinaram um acordo de paz e desarmamento que deveria acabar com os confrontos esporádicos entre os dois lados, retomados em 2013.

"Moçambique escolheu avançar pacificamente. Sigamos com este processo de forma serena", afirmou o presidente ao votar na capital Maputo.

Graças ao acordo entre o governo e a Renamo, os eleitores definirão pela primeira vez os governadores provinciais do país, que até agora eram nomeados pelo Executivo.

Analistas acreditam que a Renamo pode assumir o controle de algumas das 10 províncias do país.

"A geografia política do país poderia mudar substancialmente, talvez inclusive provocar um confronto", resumiu o advogado Ericino de Salema, do Instituto Eleitoral para uma Democracia Sustentável na África.

As seis semanas da campanha eleitoral foram marcadas por muitos atos violentos. Na semana passada, uma personalidade da sociedade civil foi morta a tiros quando estava em seu carro na província de Gaza (sul) em uma ação da polícia.

"Durante a campanha foram registrados muitos exemplos de perseguição, intimidação e agressão", afirmou Luter Simango, deputado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, oposição).

"A Frelimo tem medo de passar à oposição. Então usatodos os meios do Estado para sobreviver (...) incluindo a polícia e o serviço secreto", acusou.

Nas eleições locais do ano passado, a Frelimo registrou o pior resultado de sua história, com 51,8% dos votos a nível nacional.

O governo está debilitado desde 2016 por uma crise financeira provocada pelo escândalo da "dívida oculta", um empréstimo secreto de dois bilhões de dólares.

Além disso, há dois anos enfrenta uma insurreição islamita que provocou centenas de mortes na província de Cabo Delgado (norte), o que pode atrasar a exploração das reservas submarinas de gás.

Apesar da crise, Filipe Nyusi é considerado o favorito.

A Renamo também espera um bom resultado eleitoral, apesar de Ossufo Momade não ter o carisma de seu antecessor Afonso Dhlakama, que faleceu ano passado.

Os resultados preliminares serão anunciados na quinta-feira.

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