Os muçulmanos têm que viver conosco, não ao lado ou contra. Para isto, precisamos de compreensão mútua, disse o ministro (REUTERS/Leonhard Foeger/Reuters)
AFP
Publicado em 16 de março de 2018 às 14h45.
O ministro do Interior da Alemanha, de um partido aliado da chanceler Angela Merkel, afirmou em uma entrevista que o islã "não pertenceu à Alemanha", reavivando o debate sobre o espaço do islamismo na sociedade alemã.
"Não. O islã não pertence à Alemanha. A Alemanha está moldada pelo cristianismo. Os domingos livres, as festas cristãs e o os rituais como a Páscoa, Pentecostes ou o Natal são parte disto", afirmou ao jornal Bild Horst Seehofer, líder do partido conservador União Social-Cristã (CSU) da Baviera, aliado de Merkel.
Seehofer completou, no entanto, que "os muçulmanos que vivem no país evidentemente pertencem a Alemanha".
"Certamente isto não significa que abandonamos nossas tradições e usos tradicionais por falsas considerações", disse Seehofer, cujas responsabilidades ministeriais também incluem um inédito "ministério da Pátria".
As declarações foram divulgadas dois dias depois da reeleição de Merkel para um quarto mandato como líder de uma coalizão entre conservadores e social-democratas.
O novo debate sobre o tema faz referência a uma polêmica criada em 2010 por uma frase pronunciada pelo presidente alemão da época, Christian Wulff, que afirmou que o islã pertence à Alemanha.
Esta frase foi retomada por Merkel em várias oportunidades e gerou um amplo debate sobre o espaço do islã em uma sociedade alemã na qual vivem atualmente mais de quatro milhões de muçulmanos e que, por iniciativa de Merkel, recebeu desde 2015 mais de um milhão de refugiados, a maioria procedentes de países de maioria muçulmana.
O partido CSU de Seehofer critica a política migratória de Merkel e conseguiu impor em sua aliança com o governo um limite ao número de refugiados que a Alemanha pode receber a cada ano: entre 180.000 e 220.000.
Horst Seehofer também afirmou na entrevista ao Bild que convocará uma conferência sobre o islã para discutir os problemas de integração dos muçulmanos na Alemanha.
"Minha mensagem é esta: os muçulmanos têm que viver conosco, não ao lado ou contra. Para chegar a isto, precisamos de compreensão e consideração mútua. Isto só pode ser alcançado conversando uns com os outros".