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Milhares podem ser massacrados em cidade que luta contra EI

ONU pede que Turquia ajude a prevenir a matança na cidade fronteiriça síria que luta sozinha contra o Estado Islâmico e teme a repetição de massacre em 1995


	Kobani: Turquia estacionou tanques nas colinas de frente a Kobani, mas até agora se recusou a intervir sem um acordo
 (Umit Bektas/Reuters)

Kobani: Turquia estacionou tanques nas colinas de frente a Kobani, mas até agora se recusou a intervir sem um acordo (Umit Bektas/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2014 às 12h50.

Genebra - Milhares de pessoas vão "bem provavelmente" ser massacradas se a localidade curda síria de Kobani cair em mãos dos combatentes do Estado Islâmico, disse nesta sexta-feira o enviado das Nações Unidas Staffan de Mistura, enquanto os militantes avançavam no interior da cidade, sem que os tanques turcos, do outro lado da fronteira, interviessem para impedi-los.

De Mistura pediu que a Turquia ajude a prevenir a matança na cidade fronteiriça síria, dizendo temer a repetição do massacre de Srebrenica, em 1995, quando milhares de pessoas morreram.

Ele apelou para que Ancara deixasse “voluntários" cruzarem a fronteira para reforçarem as milícias curdas que defendem a cidade, localizada dentro do campo de visão a partir da fronteira com a Turquia.

Ele relembrou fatos ocorridos durante o desmembramento da antiga Iugoslávia, quando forças bósnio-sérvias macharam para a cidade de Srebrenica, que supostamente estava sob proteção da ONU, e mataram mais de 8.000 muçulmanos. “Você se lembra de Srebrenica? Nós, sim. Nunca nos esquecemos e provavelmente nunca nos perdoaremos”, disse Mistura em uma coletiva de imprensa.

A Turquia estacionou tanques nas colinas de frente a Kobani, mas até agora se recusou a intervir sem um acordo abrangente com os Estados Unidos e outros aliados sobre a guerra civil na Síria.

Também tem impedido que curdos-turcos cruzem a fronteira para reforçar as forças de outros curdos defendendo a cidade síria. “Gostaríamos de apelar para as autoridades turcas… para que permitam o fluxo de voluntários e de equipamentos, pelo menos, a fim de serem capazes de entrar na cidade e contribuir para uma ação de autodefesa”, disse De Mistura em Genebra.

Prevendo que Kobani cairá “se for deixada sem ajuda”, ele disse que a autodefesa com equipamento suficiente era um direito humano internacional. Embora grande parte da população já tenha fugido da ofensiva do Estado Islâmico, cerca de 500 a 700 pessoas, a maioria idosos, ainda estão abrigados em Kobani.

Questionado se ele queria que a Turquia permitisse o fornecimento de armas, De Mistura respondeu: “Eu disse o que eu disse: equipamento pode ser muitas coisas." Além das pessoas sitiadas em Kobani, cerca de 10 mil a 13 mil outras estavam em uma área de fronteira entre a Síria e Turquia, e havia apenas mais um ponto de saída da cidade.

“Se isso fracassar, os 700, mais talvez outras 12 mil pessoas, isso sem contar os combatentes, serão provavelmente massacrados”, disse ele. “Quando há uma ameaça iminente a civis, nós não podemos, nem devemos, ficar em silêncio." Caso a cidade caia, 400 dos 900 quilômetros de fronteira entre Síria e Turquia estariam nas mãos do Estado Islâmico.

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