Trump: o presidente americano vista Londres nesta terça-feira (Alkis Konstantinidis/Reuters)
EFE
Publicado em 4 de junho de 2019 às 13h04.
Última atualização em 4 de junho de 2019 às 17h39.
Londres — "Donald Trump não é bem-vindo aqui" foi o grito mais repetido nesta terça-feira nas ruas do centro de Londres, onde dezenas de milhares de pessoas se reuniram para enviar uma mensagem de repúdio à visita de Estado do presidente dos Estados Unidos ao Reino Unido.
Era praticamente impossível caminhar pela Trafalgar Square. Cidadãos com cartazes, máscaras e perucas reprovavam as políticas "divisórias", o "fanatismo" e a "estreiteza de alvos" de Trump.
"Volte para a sua casa", "mentiroso" e "vá se f..., Trump", foram alguns dos cartazes mostrados na manifestação, que também contou com o já habitual balão "Baby Trump", uma caricatura do presidente americano como bebê.
A praça foi o ponto de partida de uma grande passeata pela rua Whitehall - onde ficam os prédios dos órgãos públicos - até perto de Downing Street - a residência e escritório oficial de Theresa May -, onde Trump e a primeira-ministra britânica se reuniam.
Como estava previsto, o líder do opositor Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, discursou diante dos manifestantes e pediu para Trump "refletir sobre um mundo que busque a paz e o desarmamento, que derrote o racismo e a misoginia". Corbyn ainda lembrou que o protesto representa "a diversidade e a inclusão".
Entre os manifestantes, a americana Nancy, originária do estado do Novo México e agora residente em Londres, afirmou que se nega a chamar Trump de presidente, o qual considera "uma vergonha" para a Casa Branca e o país por criticar "tudo o que a América representa: inclusão, empatia e compreensão".
O inglês Marcus, do distrito de West Dorset, pediu ao mundo "que entenda o quão perigoso é um político como este, narcisista, arrogante e imbecil".
Outros, como a canadense Barbara, residente em Londres, disseram que ainda não compreendem "como pessoas racionais votaram neste homem".
"Vivi nos Estados Unidos durante a era Bush e pensei que era impossível que as coisas piorassem, mas conseguiram", enfatizou a manifestante.
Entre as muitas mensagens expressadas no protesto, ativistas denunciaram que Trump "está ofendendo muçulmanos, mexicanos, imigrantes, a comunidade LGBT e as mulheres", segundo ressaltou a jovem londrina muçulmana Fariah.
Por sua vez, um dos ativistas, representante da organização "Stand up to racism", afirmou que o atual presidente americano é "racista, intolerante", age "contra as mulheres" e "propaga o ódio".
Outro destaque da manifestação foi um robô de Trump que simulava o presidente sentado em uma xícara de vaso sanitário dourado enquanto usa o Twitter e fala "fake news" e "sou um gênio muito equilibrado".
Coincidentemente, Donald Trump classificou como "fake news" o grande protesto realizado em Londres. Em entrevista coletiva conjunta com a primeira-ministra britânica, o presidente americano disse que tanto ontem como hoje viu como "milhares de pessoas" o apoiam pelas ruas da capital, o que não leu em nenhum jornal.
Trump comentou que só viu nesta terça-feira "um pequeno protesto" contra ele, ao contrário do que foi publicado pela imprensa, o que considerou falso.
O republicano também falou sobre o prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, pelo qual havia sido criticado anteriormente.
"Acho que não foi um prefeito muito bom, por isso eu entendo. Fez um trabalho pobre, a criminalidade está subindo. Há muitos problemas e não acho que ele deva criticar um representante dos EUA que pode fazer muito bem ao Reino Unido", opinou.
Sobre as palavras de Corbyn, Trump disse considerá-lo "uma força negativa". O presidente americano também admitiu que recusou um convite para se reunir com o líder trabalhista, a quem não conhece pessoalmente.
A viagem de Estado de Trump começou na segunda-feira e terminará amanhã, quando será realizada uma cerimônia para comemorar o 75º aniversário do Desembarque e da Batalha da Normandia, em Portsmouth, no sul da Inglaterra.