Milhares de manifestantes protestam contra corrupção na Romênia
Protestos começaram a ocorrer depois da adoção, em 31 de janeiro, de um decreto que descriminalizava atos de corrupção
AFP
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 09h16.
Milhares de romenos voltaram às ruas neste domingo para pedir a demissão do governo social-democrata, alvo de uma onda de protestos desde que, no fim de janeiro, tentou abrandar as leis anticorrupção.
Em Bucareste, duas mil pessoas se reuniram debaixo de chuva em frente à sede do governo aos gritos de "Ladrões!" e "Demissão!", constatou a AFP.
"O governo atual perdeu toda a sua credibilidade. O Partido Social-democrata venceu as eleições, não discutimos, mas deve encontrar gente honesta para comandar o país", declarou um dos manifestantes, Gheorghe, aviador aposentado.
"É importante estar alerta, dizer aos governantes que os vigiamos e que não toleraremos mais corrupção", criticou Madalina, bibliotecária de 45 anos.
Cerca de 3.000 pessoas se manifestaram também em Cluj (noroeste), agitando bandeiras romenas e da União Europeia, segundo a imprensa.
A adoção, em 31 de janeiro, de um decreto que descriminalizava atos de corrupção, provocou manifestações diárias de uma proporção sem precedentes desde a queda do regime comunista, em 1989.
Em 5 de fevereiro, meio milhão de pessoas foram às ruas de cerca de 50 cidades de todo o país para protestar.
Diante desta mobilização, o governo de Sorin Grindeanu anulou o texto, mas o Parlamento, de maioria social-democrata, ainda precisa ratificar a retirada.
O governo também tinha proposto adotar, através de um decreto de emergência, um segundo projeto controverso para libertar 2.500 detidos que cumprem penas de até cinco anos de prisão. O texto foi enviado ao Parlamento, que deve examiná-lo nas próximas semanas.
Em visita a Bruxelas na quinta e na sexta-feira, Grindeanu comprometeu-se com os encarregados da Comissão Europeia a não modificar a legislação anticorrupção sem ter consultado antes da sociedade civil e especialistas da União Europeia.