Milhares de egípcios vão à praça Tahrir para condenar violência
O ambiente era relativamente tranquilo no local que é símbolo da revolução de janeiro e fevereiro
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2011 às 14h56.
Cairo - Com a lembrança viva da violência contra os manifestantes na semana passada, especialmente entre as mulheres, milhares de egípcios se concentraram nesta sexta-feira na praça Tahrir para condenar os ataques, em uma nova disputa contra a Junta Militar.
O ambiente era relativamente tranquilo na Tahrir, local símbolo da revolução de janeiro e fevereiro, onde graves distúrbios deixaram pelo menos 17 mortos e quase mil feridos entre sexta-feira da semana passada e terça-feira.
Alguns desses feridos estavam presentes nesta sexta-feira na praça - alguns com muletas e tapa-olhos - para contestar a repressão com gritos de 'dignidade e respeito pelas vidas'.
Ahmed Mustafa foi baleado nas pernas e no peito pelas forças de segurança, segundo ele próprio relatou à Agência Efe em uma das barracas de manifestantes montadas no centro da praça e rodeadas por uma grande bandeira egípcia.
'Queremos liberdade, queremos dizer a (o primeiro-ministro egípcio) Kamal Ganzouri e ao Conselho Supremo das Forças Armadas que se vão', afirmou Ahmed.
Os manifestantes também rejeitaram a atitude do Conselho Supremo das Forças Armadas, que tinha negado qualquer responsabilidade nos incidentes, apesar das evidências de que militares dispararam e agrediram os manifestantes.
'Mentirosos, precisamos saber a verdade' e 'Saudações para os que nos defendem e vergonha para os que nos matam' eram alguns dos lemas escritos nos cartazes, em alusão à Junta Militar, que dirige o país desde a queda do presidente Hosni Mubarak em 11 de fevereiro deste ano.
A poucos metros, um grupo de mulheres egípcias - protegidas por um cordão de homens - pedia respeito às autoridades e mostravam sua indignação após os últimos ataques de soldados contra mulheres durante os distúrbios.
'Me sinto indignada. Não podem nos tratar assim. Respeito o Exército, mas ele deve se limitar a defender as fronteiras, e não interferir nos assuntos políticos', afirmou à Efe o manifestante Iman Ali.
Ao seu lado, Hussein Haggag disse ter viajado do Catar para se unir ao protesto porque, para ele, os militares 'são os únicos responsáveis pelo que está acontecendo por não ter ouvido nossas reivindicações e não fazer nada nesses dez meses'.
Várias passeatas chegaram à Tahrir de diversos pontos: uma protagonizada por mulheres e outra procedente da mesquita de Al-Azhar, máxima instituição sunita do mundo islâmico, que prestou homenagem a seu imame Emad Efat, assassinado durante os choques.
O jovem Taha Mohammed, de 24 anos, não podia conter a indignação contra as forças: 'Nos trataram como animais. É intolerável o que fizeram com as mulheres, que, para nós, muçulmanos, são sagradas. Somos mais muçulmanos que os partidos islâmicos que não estão aqui'.
Mohammed fez assim uma referência à Irmandade Muçulmana, que tomou distância da manifestação dias após apoiar a Junta Militar, que insiste em ceder o poder a um presidente eleito democraticamente somente antes do dia 30 de junho, e não de imediato, como exigem há meses os manifestantes.
Entre os grupos que decidiram participar da mobilização desta sexta-feira, estavam os partidos Wasat (islâmico moderado) e o Social-Democrata, assim como os movimentos de 6 de Abril e da Coalizão de Jovens da Revolução.
Enquanto isso, na praça cairota de Abassiya, uma concentração paralela foi convocada para expressar apoio à Junta Militar e criticar os manifestantes da Tahrir.
Nas ruas do centro da capital, onde manifestantes e forças de segurança se enfrentavam, a lembrança dos confrontos nesta sexta-feira eram os altos muros de concreto erguidos para conter os protestos e os muros da incendiada Academia Científica.
Em frente a essas construções, os manifestantes se movimentavam em um ambiente de calma, rodeados de vendedores ambulantes e crianças que brincavam com as pedras.
Cairo - Com a lembrança viva da violência contra os manifestantes na semana passada, especialmente entre as mulheres, milhares de egípcios se concentraram nesta sexta-feira na praça Tahrir para condenar os ataques, em uma nova disputa contra a Junta Militar.
O ambiente era relativamente tranquilo na Tahrir, local símbolo da revolução de janeiro e fevereiro, onde graves distúrbios deixaram pelo menos 17 mortos e quase mil feridos entre sexta-feira da semana passada e terça-feira.
Alguns desses feridos estavam presentes nesta sexta-feira na praça - alguns com muletas e tapa-olhos - para contestar a repressão com gritos de 'dignidade e respeito pelas vidas'.
Ahmed Mustafa foi baleado nas pernas e no peito pelas forças de segurança, segundo ele próprio relatou à Agência Efe em uma das barracas de manifestantes montadas no centro da praça e rodeadas por uma grande bandeira egípcia.
'Queremos liberdade, queremos dizer a (o primeiro-ministro egípcio) Kamal Ganzouri e ao Conselho Supremo das Forças Armadas que se vão', afirmou Ahmed.
Os manifestantes também rejeitaram a atitude do Conselho Supremo das Forças Armadas, que tinha negado qualquer responsabilidade nos incidentes, apesar das evidências de que militares dispararam e agrediram os manifestantes.
'Mentirosos, precisamos saber a verdade' e 'Saudações para os que nos defendem e vergonha para os que nos matam' eram alguns dos lemas escritos nos cartazes, em alusão à Junta Militar, que dirige o país desde a queda do presidente Hosni Mubarak em 11 de fevereiro deste ano.
A poucos metros, um grupo de mulheres egípcias - protegidas por um cordão de homens - pedia respeito às autoridades e mostravam sua indignação após os últimos ataques de soldados contra mulheres durante os distúrbios.
'Me sinto indignada. Não podem nos tratar assim. Respeito o Exército, mas ele deve se limitar a defender as fronteiras, e não interferir nos assuntos políticos', afirmou à Efe o manifestante Iman Ali.
Ao seu lado, Hussein Haggag disse ter viajado do Catar para se unir ao protesto porque, para ele, os militares 'são os únicos responsáveis pelo que está acontecendo por não ter ouvido nossas reivindicações e não fazer nada nesses dez meses'.
Várias passeatas chegaram à Tahrir de diversos pontos: uma protagonizada por mulheres e outra procedente da mesquita de Al-Azhar, máxima instituição sunita do mundo islâmico, que prestou homenagem a seu imame Emad Efat, assassinado durante os choques.
O jovem Taha Mohammed, de 24 anos, não podia conter a indignação contra as forças: 'Nos trataram como animais. É intolerável o que fizeram com as mulheres, que, para nós, muçulmanos, são sagradas. Somos mais muçulmanos que os partidos islâmicos que não estão aqui'.
Mohammed fez assim uma referência à Irmandade Muçulmana, que tomou distância da manifestação dias após apoiar a Junta Militar, que insiste em ceder o poder a um presidente eleito democraticamente somente antes do dia 30 de junho, e não de imediato, como exigem há meses os manifestantes.
Entre os grupos que decidiram participar da mobilização desta sexta-feira, estavam os partidos Wasat (islâmico moderado) e o Social-Democrata, assim como os movimentos de 6 de Abril e da Coalizão de Jovens da Revolução.
Enquanto isso, na praça cairota de Abassiya, uma concentração paralela foi convocada para expressar apoio à Junta Militar e criticar os manifestantes da Tahrir.
Nas ruas do centro da capital, onde manifestantes e forças de segurança se enfrentavam, a lembrança dos confrontos nesta sexta-feira eram os altos muros de concreto erguidos para conter os protestos e os muros da incendiada Academia Científica.
Em frente a essas construções, os manifestantes se movimentavam em um ambiente de calma, rodeados de vendedores ambulantes e crianças que brincavam com as pedras.