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Milei recua com corte no cinema argentino após protestos com repercussão internacional

Manifestação de atores, produtores e diretores argentinos recebeu apoio de figuras como o espanhol Pedro Almodóvar, o mexicano Alejandro González Iñárritu e o finlandês Aki Kaurismäki

Javier Milei, presidente da Argentina (	Tomas Cuesta/Getty Images)

Javier Milei, presidente da Argentina ( Tomas Cuesta/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 14h35.

Última atualização em 23 de janeiro de 2024 às 14h48.

O plano do presidente argentino Javier Milei de retirar financiamento público da indústria cinematográfica e de outros setores culturais em seu país desencadeou uma protesto generalizado, inclusive a nível internacional, e o governo voltou atrás com parte do ajuste, segundo fontes oficiais.

A manifestação de atores, produtores e diretores argentinos recebeu apoio de figuras como o espanhol Pedro Almodóvar, o mexicano Alejandro González Iñárritu e o finlandês Aki Kaurismäki, que assinaram um comunicado em defesa de "uma indústria cinematográfica vibrante, heterogênea e dinâmica", com apoio estatal desde 1944.

O projeto inicial da Lei Ônibus enviado pelo governo ao Congresso incluía o corte de fundos para o Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa) e a redução ou eliminação de órgãos de fomento ao teatro, livros, música e arte em geral.

"Argentina é o país da região com o maior número de indicações ao Oscar, porque existe uma Lei de Cinema que sustenta e incentiva a existência do cinema argentino", afirmou Santiago Mitre, diretor de "Argentina 1985" (2022), um filme de sucesso sobre o julgamento das ex-juntas militares, perante a comissão parlamentar que analisa o projeto.

O próprio Milei se envolveu na polêmica, acusando o popular ator, produtor e empresário artístico Adrián Suar de defender "aqueles que vivem de privilégios".

"Falar de cultura em termos econômicos (...) é uma visão que entristece, empobrece", disse Suar ao criticar o projeto governamental.

Na segunda-feira, o governo recuou parcialmente em vários artigos e afirmou que continuará "protegendo os recursos do setor, mas preservando o objetivo de que os gastos administrativos não sejam uma carga excessiva".

Assim, a contraproposta oficial ao Congresso insiste que as entidades que recebem fundos públicos de apoio ao cinema e à música destinem no máximo 20% para despesas administrativas e que, em caso de coproduções, apenas a parte argentina seja financiada.

Aliados e opositores dispostos a discutir a Lei Ônibus de cortes e desregulamentação da economia estão debatendo um parecer que poderá ser votado pelo plenário da Câmara de Deputados na próxima semana, e, se aprovado, seguirá para o Senado.

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