Milei mantém peronista Scioli como embaixador do Brasil, em novo gesto ao governo Lula
Político experiente e peça-chave na relação pragmática entre Brasil e Argentina durante os governos Fernández e Bolsonaro, embaixador tem como desafio manter o bom vínculo entre os países com Milei
Agência de notícias
Publicado em 29 de novembro de 2023 às 14h24.
Última atualização em 29 de novembro de 2023 às 14h26.
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei , anunciou nesta quarta-feira que manterá o peronista Daniel Scioli como embaixador do país no Brasil.
A declaração é mais um aceno do ultradireitista ao governo brasileiro, após a futura chanceler do ultradireitista ter se encontrando com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em Brasília no domingo, onde reforçou o convite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a posse. Scioli foi um dos principais articuladores do encontro e é visto como uma peça fundamental para evitar uma crise no vínculo entre as duas nações depois dos ataques de Milei a Lula na corrida presidencial.
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O anúncio acontece no mesmo dia em que Milei confirmou Luis Caputo , conhecido como o "Messi das finanças", como ministro da Economia. Aos poucos, o ultradireitista tem revelado mais detalhes sobre o seu futuro Gabinete e demonstrado uma postura mais moderada do que adotada na campanha, inclusive como a participação de pessoas próximas ao peronismo, como Scioli.
Desde 2020, o embaixador argentino era representante do governo do peronista Alberto Fernández e conseguiu, apesar das diferenças ideológicas, estabelecer um bom vínculo entre o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A habilidade política é um dos ativos para a nova fase da relação entre os países, novamente com orientações políticas divergentes no poder, mas interesses econômicos indissociáveis.
Semana passada, Milei declarou que, se vier à posse, o chefe de Estado brasileiro "será bem recebido”. Mas a presença já confirmada de Bolsonaro acompanhado de uma delegação expressiva é um dos entraves para a participação de Lula. Durante a campanha, o argentino referiu-se ao presidente brasileiro como comunista e corrupto.
Scioli chegou a ensaiar uma candidatura às eleições presidenciais neste ano pelo peronismo, contra a vontade de Cristina Kirchner, mas com a aprovação de Fernández. Uma manobra no ministro da Economia e adversário de Milei no segundo turno, Sergio Massa , frustrou os planos do embaixador, que não chegou a figurar entre as opções nas primárias do partido.
Em 2015, ele disputou as eleições contra o ex-presidente Mauricio Macri, um dos principais aliados de Milei junto com a sua apadrinhada, a terceira colocada Patricia Bullrich. Na época, Scioli foi o nome escolhido por Kirchner.
No passado, o embaixador também foi ministro e governador da província de Buenos Aires.