Mundo

May diz que Reino Unido "não ficará de joelhos" para a UE

As palavras da líder conservadora, que também reiterou que sua prioridade é controlar a imigração, sugerem que ela tende a optar pelo chamado "Brexit" duro


	Theresa May: May também alertou que haverá "percalços no caminho" no processo de separação
 (Getty Images/Pool)

Theresa May: May também alertou que haverá "percalços no caminho" no processo de separação (Getty Images/Pool)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2016 às 10h04.

Londres - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, disse nesta terça-feira que o Reino Unido não "ficará de joelhos" nas negociações com a União Europeia para o "Brexit" e irá enfrentá-las como um Estado "independente e soberano".

May também alertou que haverá "percalços no caminho" no processo de separação do bloco europeu, em entrevista à emissora "BBC" antes de participar da terceira jornada do congresso anual do Partido Conservador em Birmingham, no centro da Inglaterra.

As palavras da líder conservadora, que também reiterou que sua prioridade é controlar a imigração, sugerem que ela tende a optar pelo chamado "Brexit" duro, ou seja, por cortar todos os laços com Bruxelas, inclusive abandonando o mercado único, e negociar uma nova relação com os 27 países do bloco.

"Muitas pessoas parecem sugerir que deveríamos encarar isto dizendo, 'bom, fomos membros da UE, quando sairmos, o que poderemos conservar?", disse May à emissora "Radio 4" da "BBC".

"Na realidade, acredito que devemos ter um enfoque diferente, que é 'quando sairmos da União Europeia, seremos um país soberano e independente, que relação queremos com a UE?", indicou a premiê.

"Não acredito que o Reino Unido deva, de forma nenhuma, ficar de joelhos para a UE. Trata-se de reciprocidade: um bom acordo comercial vai beneficiar nosso país e a União Europeia", declarou May.

A premiê britânica ressaltou que, uma vez que o Reino Unido efetive a saída do bloco, "haverá oportunidade de controlar o movimento (de pessoas) vindas da UE".

"Acredito que, essencialmente, o que as pessoas votaram em 23 de junho é que seu governo seja capaz de tomar esse tipo de decisões", disse May, que durante a campanha do referendo sobre a UE apoiou a permanência no bloco, mas discretamente e com ressalvas.

"A vida será diferente no futuro, mas quero garantir que será um sucesso", disse a líder conservadora à "BBC", ao advertir que a saída do bloco comum "não será fácil" e que haverá "percalços no caminho".

A libra esterlina caiu hoje para seu menor valor em relação ao dólar desde 1985 devido ao temor dos investidores de que o governo britânico opte por um "Brexit" duro, com a saída do mercado único.

A moeda britânica é negociada neste momento a US$ 1,275, um valor 0,7% menor que no fechamento do pregão de ontem, sua cotação mais baixa em 31 anos.

Os mercados seguem com atenção o congresso conservador, que termina amanhã com um discurso de Theresa May, para detectar indícios sobre as futuras negociações do "Brexit".

May anunciou no domingo que ativará antes de fim de março do ano que vem o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que dará início às negociações com Bruxelas. 

Acompanhe tudo sobre:BrexitEuropaPaíses ricosReino UnidoUnião Europeia

Mais de Mundo

Polícia da Zâmbia prende 2 “bruxos” por complô para enfeitiçar presidente do país

Rússia lança mais de 100 drones contra Ucrânia e bombardeia Kherson

Putin promete mais 'destruição na Ucrânia após ataque contra a Rússia

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano