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May dá primeiros passos para formar governo apesar de revés

Em sua breve declaração aos jornalistas, a primeira-ministra explicou que contará com o apoio do Partido Unionista Democrático (DUP)

Theresa May: com 318 cadeiras, o Partido Conservador perde por 12 assentos (Toby Melville/Reuters)
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AFP

Publicado em 9 de junho de 2017 às 19h53.

A primeira-ministra britânica, Theresa May , anunciou nesta sexta-feira que formará um novo governo para realizar o Brexit , apesar de ter perdido a maioria absoluta conservadora após uma eleição em que se multiplicaram os pedidos pela sua renúncia.

"Acabo de ver Sua Majestade, a rainha, e agora formarei um governo, um governo que possa proporcionar certezas e conduzir o Reino Unido neste momento crítico para o nosso país", declarou ao final de um breve encontro com Elizabeth II, a quem pediu oficialmente autorização para formar um novo Executivo.

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"Este governo vai guiar o nosso país nas negociações cruciais sobre o Brexit que começarão em 10 dias e responderá ao desejo dos britânicos de concluir com sucesso a saída da União Europeia", afirmou.

Em sua breve declaração aos jornalistas, a primeira-ministra explicou que contará com o apoio do Partido Unionista Democrático (DUP).

O DUP obteve 10 cadeiras que, somadas às 318 dos conservadores, alcançariam 328, a metade da Câmara dos Comuns mais dois.

Horas depois, May anunciou que seus ministros-chave, incluindo o das Finanças, Philip Hammond, o das Relações Exteriores, Boris Johnson, e o do Brexit, David Davis, manterão seus cargos no novo Executivo.

Com 318 cadeiras, o Partido Conservador chega primeiro nestas eleições, mas perde por 12 assentos, enquanto a oposição trabalhista elegeu 262 deputados, trinta a mais que em 2015, segundo resultados definitivos publicados na noite de sexta-feira, após anunciada a derrota dos conservadores em seu reduto londrino de Kensington, último revés para May.

Moção de confiança

Depois das negociações pertinentes, May irá se submeter a uma moção de confiança no Parlamento.

Se não superá-la, possivelmente apresentará a sua renúncia e a rainha convidará o então líder do primeiro partido de oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, para compôr o Executivo.

Os trabalhistas, que obtiveram 261 deputados, podem conseguir o apoio dos Liberais Democratas e dos Nacionalistas escoceses.

O cataclismo conservador prolonga um ano turbulento da política britânica desde que o país votou de forma inesperada a favor de deixar a União Europeia em junho de 2016.

Mas, acima de tudo, é um fracasso pessoal para May, que dispunha de uma maioria de 17 assentos no Parlamento e convocou eleições antecipadas na esperança de obter uma maioria mais ampla para negociar o Brexit em posição de força.

Após conhecido o resultado, Corbyn exigiu a renúncia de May: "perdeu cadeiras dos conservadores, perdeu votos, perdeu apoio e perdeu confiança. Eu diria que é o suficiente para se retirar".

May disse que apenas os conservadores são capazes de garantir a estabilidade que o Reino Unido necessita em tempos difíceis.

"O país precisa de um período de estabilidade e quaisquer que sejam os resultados, o Partido Conservador irá assegurar que possamos cumprir esta tarefa de garantir a estabilidade", afirmou.

No entanto, líderes do seu partido, como a ex-ministra Anna Soubry, consideraram que May deveria pensar em uma renúncia porque "está em uma situação muito difícil."

O ex-ministro das Finanças conservador George Osborne declarou "ser totalmente catastrófico para os conservadores e para Theresa May".

Libra em queda

A moeda britânica caiu imediatamente depois do anúncio das pesquisas de boca de urna na quinta-feira à noite e sua queda se acentuou nesta sexta-feira pela manhã na Europa, para depois limitar a baixa.

Às 16H00 GMT, a libra baixava 1,5% frente ao dólar diante do fechamento do dia anterior e era trocada a 1,2732 dólares. O euro valia 87,89 pences contra 86,60 pences da véspera.

"Ao que parece vai haver uma instabilidade e para o governo britânico será difícil negociar o Brexit com uma posição firme", comentou Tony Travers, da London School of Economics.

É "um desastre para Theresa May. Sua liderança será questionada e receberá pressões para renunciar", disse à AFP o especialista em Política Ian Begg, da London School of Economics.

Antecipando as eleições de 2020, May "perdeu a aposta", avaliou Paula Surridge, da Universidade de Bristol.

Comparativamente, o líder trabalhista Corbyn sai muito fortalecido melhorando os resultados de seu antecessor, Ed Miliband, em 2015.

Outros grandes derrotados são os separatistas escoceses do SNP, que perderam 21 deputados dos 56 que tinham e veem consideravelmente debilitada sua aspiração a um segundo referendo de independência.

"Nunca mais um referendo sobre nada"

O líder do Partido para a Independência do Reino Unido (Ukip), Paul Nuttall, anunciou nesta sexta-feira sua renúncia ao não conseguir nenhum assento nas eleições.

"Tem que começar uma nova era com um novo líder", disse, ao anunciar uma demissão que abre as portas ao retorno do polêmico Nigel Farage, um dos rostos visíveis da bem-sucedida campanha pelo Brexit.

Para o veterano conservador Ken Clarke, o referendo sobre a União Europeia abriu a Caixa de Pandora. "Nunca mais um referendo sobre nada!", exclamava na BBC.

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