Theresa May: premiê britânica terá dois anos para acertar os termos do rompimento antes de este entrar em vigor, no final de março de 2019 (Yves Herman/Reuters)
Reuters
Publicado em 29 de março de 2017 às 08h53.
Última atualização em 29 de março de 2017 às 09h00.
Londres - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, entregou os documentos formais da desfiliação britânica da União Europeia, o chamado Brexit, nesta quarta-feira, levando o país a um rumo desconhecido e desencadeando anos de negociações incertas que irão testar a resistência da UE.
Nove meses depois de os britânicos decidirem o rompimento em uma votação, May notificou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, com uma carta informando que o Reino Unido realmente está se separando do bloco ao qual se uniu em 1973.
A premiê, inicialmente uma opositora do Brexit que conquistou o maior cargo do país no tumulto político que se seguiu ao referendo de separação, terá dois anos para acertar os termos do rompimento antes de este entrar em vigor, no final de março de 2019.
"Agora que a decisão de sair da UE foi tomada, é hora de nos unirmos", dirá May aos parlamentares, de acordo com documentos providenciados por seu escritório.
"Quando sentar à mesa de negociação nos meses à frente, irei representar cada pessoa de todo o Reino Unido - jovens e velhos, ricos e pobres, cidades grandes, pequenas, o interior e todos os vilarejos e vilas entre eles", disse May.
O comunicado de May sobre o Brexit foi entregue em mãos a Tusk por Tim Barrow, representante permanente do Reino Unido na UE, em Bruxelas.
A premiê, de 60 anos, agora tem uma das tarefas mais duras de qualquer premiê britânico recente: manter a coesão do país diante das novas demandas de independência da Escócia e ao mesmo tempo realizar conversas árduas com os 27 outros países-membros da UE a respeito de finanças, comércio, segurança e outros temas complexos.
O desfecho das negociações irá moldar o futuro da economia britânica de 2,6 trilhões de dólares, a quinta maior do mundo, e determinar se Londres consegue se manter com um dos dois maiores centros financeiros globais.
Para a UE, já abalada por crises sucessivas de débito e de refugiados, a perda do Reino Unido é o maior golpe já sofrido em seus 60 anos de esforços para forjar uma unidade europeia na esteira de duas guerras mundiais devastadoras.
Seus líderes dizem não querer punir o Reino Unido, mas, devido à ascensão de partidos nacionalistas e anti-UE por toda a Europa, não podem se dar ao luxo de oferecer termos generosos a Londres que possam incentivar outros Estados-membros a se desfiliar.