Theresa May: decisão do presidente do Parlamento dificultou ainda mais solução para rompimento do Reino Unido com a União Europeia (Franco Origlia/Getty Images)
Reuters
Publicado em 19 de março de 2019 às 09h48.
Londres — Os planos da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, para a desfiliação britânica da União Europeia enfrentavam uma crise nesta terça-feira, 19, à medida que seu governo buscava formas de driblar uma determinação do presidente do Parlamento para que ela mude o acordo do Brexit rejeitado duas vezes para submetê-lo a uma terceira votação.
Depois de dois anos e meio de negociações, o Brexit continua incerto. As opções incluem um longo atraso, sair com o acordo de May, uma saída caótica sem um acordo ou até outro referendo.
Em uma manobra que aumentou a sensação de crise em Londres e de preocupação nas demais capitais europeias a dez dias da saída marcada para 29 de março, o presidente do Parlamento, John Bercow, chocou o governo May ao decidir que este não pode submeter o mesmo acordo do Brexit a outra votação a menos que seja substancialmente diferente.
Segundo o secretário do Brexit, Steve Barclay, isso significa que uma votação do pacto da premiê nesta semana é mais improvável, mas que ministros estão estudando maneiras de romper o impasse, e sinalizou que Londres ainda planeja uma terceira votação do plano de May.
"Este é um momento de crise para nosso país", disse Barclay. "A decisão do presidente complicou o quadro, e acho que ela torna mais improvável a votação acontecer nesta semana".
Na quinta-feira May deve comparecer a uma cúpula da UE em Bruxelas, na qual pedirá um adiamento do Brexit enquanto o governo britânico tenta conceber uma maneira de romper com o bloco depois de 46 anos de filiação.
Os dois membros mais poderosos da UE, Alemanha e França, expressaram uma frustração intensa com o caos em Londres.
"Caros amigos de Londres, por favor cumpram o combinado. O tempo está passando", disse o ministro alemão para a Europa, Michael Roth, aos repórteres em Bruxelas.
A França foi mais incisiva e alertou que uma saída sem acordo é possível.
"Conceder uma prorrogação - para quê? O tempo não é uma solução, é um método", disse a ministra francesa de Assuntos Europeus, Nathalie Loiseau. "Se houve um objetivo e uma estratégia, têm que vir de Londres".
O referendo de 2016, no qual 17,4 milhões de eleitores apoiaram a saída e 16,1 milhões a permanência no bloco, mostrou um país profundamente dividido e provocou questionamentos sobre tudo - da secessão e da imigração ao capitalismo e ao que é ser britânico na atualidade.