Marine Le Pen anuncia apoio a moção de censura contra governo de Michel Barnier (Marc Burleigh/AFP Photo)
Agência de Notícias
Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 17h01.
A líder de extrema direita da França, Marine Le Pen, acusou o primeiro-ministro do país, Michel Barnier, de se recusar a dialogar com seu partido, o Reagrupamento Nacional (RN), e anunciou que votará a favor de uma moção de censura para derrubar seu governo na próxima quarta-feira.
“Apresentei a ele nossas linhas vermelhas e ele se recusou a aceitá-las. Não podemos aceitar esses orçamentos profundamente injustos porque eles fazem os franceses pagarem pela incompetência de (o presidente francês Emmanuel) Macron”, declarou Marine após o anúncio de uma moção de censura contra o Executivo.
Marine Le Pen, cujos 140 deputados são cruciais para a sobrevivência do governo, anunciou que seu grupo apresentará sua própria moção de censura, mas que também está disposta a votar na moção anunciada pela esquerda. Com essa posição, as horas do Executivo de Barnier, nomeado em 5 de setembro, estão contadas, mas Le Pen minimizou a gravidade da questão.
“Os orçamentos do ano passado serão aplicados, haverá um novo primeiro-ministro e ele adotará um novo orçamento. Os franceses não têm motivo para ter medo. A única coisa que eles têm a temer é o alto déficit do país e o aumento do desemprego devido às políticas dos últimos sete anos”, acrescentou Marine.
Ela acusou Barnier de querer seguir as políticas de Macron e minimizou as concessões que o primeiro-ministro fez nos últimos dias nas negociações orçamentárias. Também criticou o fato de o premiê não ter concordado com a última delas, a de desistir de atrasar o aumento das aposentadorias em meio ano em 2025 para absorver a inflação em 2024.
Marine Le Pen enfatizou que seu dever é “defender os franceses” contra as medidas do Executivo e afirmou que Barnier não levou em conta suas propostas sobre “cortes e novas receitas”.
Sobre a decisão de não parar de subsidiar certos medicamentos, adotada esta manhã por Barnier, Marine ressaltou que ela representa apenas 500 milhões de euros.
Barnier tem apenas 211 deputados em uma Assembleia de 577, o que torna sua destituição quase certa na moção de censura, que na França não é construtiva, mas simplesmente derruba o governo. Caberá a Macron, que está em visita de Estado à Arábia Saudita até quarta-feira, nomear um novo governo.