Mundo

Manifestantes protestam contra "intromissão" chinesa em Hong Kong

A manifestação foi convocada pelo partido político Youngspiration para defender os valores de Hong Kong

Hong Kong: cerca de duas mil pessoas tomaram as ruas (AFP/Philippe Lopez)

Hong Kong: cerca de duas mil pessoas tomaram as ruas (AFP/Philippe Lopez)

E

EFE

Publicado em 6 de novembro de 2016 às 12h23.

Hong Kong -- Milhares de cidadãos de Hong Kong foram às ruas neste domingo em protesto contra a intenção do governo da China de intervir no conflito político vivido no parlamento da ilha, um movimento visto por alguns setores como uma ameaça à autonomia de poderes da ex-colônia britânica.

Cerca de 2 mil pessoas, de acordo com as estimativas dos veículos de imprensa locais, muitas delas vestidas com roupas pretas e agitando bandeiras do período colonial britânico, protagonizaram hoje a manifestação convocada pelo partido político Youngspiration para defender os valores de Hong Kong.

É precisamente nesse partido que estão os dois jovens legisladores, Sixtus "Baggio" Leung Chung-hang e Yau Wai-ching, que estão no centro do recente conflito e que Pequim poderia vetar como deputados apesar terem sido escolhidos por voto popular nas eleições ao parlamento de Hong Kong em 3 de setembro.

Sixtus "Baggio" Leung e Yau Wai-ching foram desqualificados para tomar posse depois que utilizaram insultos e linguagem depreciativa em relação à China em sua primeira tentativa de jurar ao cargo.

Os dois foram impossibilitados de repetir o processo devido ao conflito que aconteceu na Câmara por seu comportamento e o caso acabou nos tribunais na semana passada a pedido do governo local, que apoia a destituição de ambos.

No final de semana, Pequim confirmou que o Legislativo chinês intervirá no processo, o que exacerbou os ânimos na ilha.

Neste domingo, e pela segunda vez em menos de uma semana, os cidadãos de Hong Kong voltaram a mostrar sua rejeição à decisão do principal órgão Legislativo chinês, a Assembleia Nacional Popular (ANP), de fazer uma intervenção incomum nos assuntos internos de Hong Kong através de uma interpretação de um artigo da Constituição da ilha.

Concretamente, a Assembleia Nacional Popular está debatendo nestes dias um artigo da Lei Básica (Constituição de Hong Kong) que requer que os legisladores "jurem lealdade à Região Administrativa Especial de Hong Kong da República Popular da China" para ocuparem suas cadeiras.

Amanhã, segunda-feira, a ANP concluirá sua sessão quinzenal e por isso é esperado que pronuncie sua decisão ou sugestão.

O artigo 158 da Lei Básica de Hong Kong outorga ao principal órgão legislativo chinês a faculdade de interpretar a Carta Magna da ex-colônia britânica, e estabelece que suas decisões são finais e de caráter vinculativo.

Desde que Hong Kong foi reintegrada à China em 1997, o Legislativo chinês realizou quatro interpretações da Constituição da ex-colônia britânica.

Três delas a pedido do governo de Hong Kong, e uma, em 2004, por 'motu proprio', quando modificou o procedimento eleitoral para a eleição do chefe do Executivo da ilha.

Duas dessas quatro medidas foram recebidas com grandes protestos em Hong Kong ao serem consideradas uma intromissão na independência jurídica da ilha.

Acompanhe tudo sobre:ChinaHong KongProtestos no mundo

Mais de Mundo

Eleições na Romênia agitam país-chave para a Otan e a Ucrânia

Irã e Hezbollah: mísseis clonados alteram a dinâmica de poder regional

Ataque de Israel ao sul do Líbano deixa um militar morto e 18 feridos

Trump completa escolha para altos cargos de seu gabinete com secretária de Agricultura