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Manifestantes pró-democracia voltam às ruas de Hong Kong

No dia nacional da China, milhares de manifestantes pró-democracia voltaram às ruas de Hong Kong, determinados a dar uma nova demonstração de força

Manifestantes pró-democracia reunidos perto da sede do governo de Hong Kong  (Dale de la Rey/AFP)

Manifestantes pró-democracia reunidos perto da sede do governo de Hong Kong (Dale de la Rey/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2014 às 12h35.

Hong Kong - Milhares de manifestantes pró-democracia voltaram às ruas de Hong Kong nesta quarta-feira, dia nacional na China, determinados a dar uma nova demonstração de força, enquanto cresce o apoio internacional a seu movimento.

As autoridades chinesas e de Hong Kong celebraram o 65º aniversário da vitória dos comunistas sobre os nacionalistas e a proclamação da República Popular da China, no momento em que os ativistas pró-democracia lotavam as ruas da ex-colônia britânica.

Desde domingo, a campanha de desobediência civil ganhou força no território, o que provocou a maior crise política desde a devolução de Hong Kong à China, em 1997.

Os manifestantes denunciam interferências de Pequim, exigem o sufrágio universal sem condições e não aceitam que nas eleições de 2017 as autoridades chinesas mantenham o controle sobre os candidatos ao cargo de chefe de Governo local.

Na manhã desta quarta-feira, quando as bandeiras da China e de Hong Kong fora hasteadas na praça Golden Bauhinia, no bairro central de Wanchai, os gritos dos manifestantes foram ouvidos.

Depois, os ativistas vaiaram a passagem de dois helicópteros que exibiam uma grande bandeira da China e outra, menor, de Hong Kong.

O chefe do governo local, Leung Chun-ying, não citou de maneira direta o movimento pró-democracia no discurso que pronunciou ao fim da cerimônia, mas apelou a uma cooperação com a China.

"O desenvolvimento de Hong Kong e do continente (China) estão estreitamente vinculados. Devemos trabalhar juntos para que o sonho chinês se torne realidade", afirmou Leung, que teve a renúncia exigida pelo movimento pró-democracia por sua afinidade com Pequim.

Neste contexto, a líder estudantil Agnes Chow afirmou que se Leung não renunciar, "vamos examinar novas ações para os próximos dias, incluindo a ocupação de outros lugares, como os principais edifícios do governo".

Chan Kin-man, um dos fundadores do movimento Occupy Central, que também organizou as manifestações, descartou qualquer forma de diálogo com Leung, mas explicou que ações como as mencionadas por Agnes Chow constituiriam "iniciativas dos estudantes", que ele pediu que sejam pacíficas.

O clima era calmo entre a multidão de manifestantes, apesar de alguns apelos para tentar forçar o cordão de isolamento policial perto da praça Golden Bauhinia.

Os militantes da "Revolução do Guarda-Chuva" - como é chamada nas redes sociais - eram mais numerosos que nos dias anteriores graças aos dois dias de feriado (quarta-feira e quinta-feira) da festa nacional chinesa.

Por ocasião do feriado nacional, quase 200 partidários de Pequim desafiaram nesta quarta-feira os milhares de manifestantes pró-democracia no centro de Hong Kong.

Eles gritaram frases como "Hong Kong é minha casa, não destruam", "Amem a pátria mãe" ou "Devolvam nossas ruas", em referência ao bloqueio de avenidas há vários dias pelos manifestantes pró-democracia.

Em Taiwan, milhares de manifestantes, muitos deles estudantes procedentes de Hong Kong, expressaram apoio ao movimento por mais democracia.

Apoio internacional

O apoio internacional ao movimento pró-democracia em Hong Kong cresceu nos últimos dias.

No Facebook, um grupo denominado "Unidos pela Democracia: Solidariedade Global com Hong Kong" afirma planejar atos neste sentido, da Austrália aos Estados Unidos.

O sul-africano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, expressou apoio aos manifestantes de Hong Kong, ao elogiar a coragem do movimento.

"Rezo para que as vozes do povo de Hong Kong nunca sejam caladas", declarou o líder da luta contra o apartheid e atual arcebispo honorário da Cidade do Cabo.

Na Nova Zelândia, quase 300 pessoas se reuniram na capital Auckland para apoiar os ativistas de Hong Kong.

O governo dos Estados Unidos informou que o assunto Hong Kong será abordado nesta quarta-feira em um encontro em Washington entre o secretário de Estado, John Kerry, e o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi.

Ao mesmo tempo, um grupo de defesa dos direitos humanos denunciou que vários ativistas foram detidos na China por expressar apoio às manifestações em Hong Kong.

"Vários cidadãos chineses sofreram represálias por expressar apoio às mobilizações de Hong Kong", denunciou o grupo China Human Rights Defenders (CHRD, Defensores dos Direitos Humanos na China).

A Anistia Internacional (AI) citou 20 detenções e 60 convocações para interrogatórios.

"A repressão de militantes na China explica as razões pelas quais tantos habitantes de Hong Kong temem o crescente controle de Pequim sobre os assuntos da cidade", afirmou William Nee, especialista em China da AI.

*Atualizada às 12h35 do dia 01/10/2014

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