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Manifestantes a favor do Brexit iniciam marcha até Londres

Sunderland, localizada a cerca de 450 km de Londres, foi escolhida como ponto de partida por ser uma cidade simbólica

Depois que o parlamento votou para extender o prazo para o Brexit, apoiadores do Brexit seguiram o ativista pela União Europeia Steve Bray, que não está na foto, no dia 14 de março em Londres, Inglaterra (Guy Smallman/Getty Images)

Depois que o parlamento votou para extender o prazo para o Brexit, apoiadores do Brexit seguiram o ativista pela União Europeia Steve Bray, que não está na foto, no dia 14 de março em Londres, Inglaterra (Guy Smallman/Getty Images)

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AFP

Publicado em 16 de março de 2019 às 17h21.

Debaixo de chuva, manifestantes favoráveis ao Brexit partiram neste sábado de Sunderland, noroeste da Inglaterra, em uma marcha até Londres, aonde pretendem chegar no próximo dia 29, data teórica da saída do Reino Unido da União Europeia.

"O Parlamento e o governo acham que podem pisar em nós, mas vamos marchar até eles e lhes dizer que iremos vencê-los", disse à multidão o defensor do Brexit Nigel Farage, eurodeputado, ex-líder do partido antieuropeu Ukip e vice-presidente do movimento "Leave Means Leave", organizador do protesto.

A partir de Sunderland, às margens do Mar do Norte, uma centena de pessoas seguiram para Hartlepool, a 30 quilômetros de distância. "Mantenhamos o ritmo", pediu Steve Coward a dois homens que o ajudavam a levar uma grande flâmula em que se pedia um Brexit duro, o que significa um divórcio da União Europeia sem acordo.

Os deputados britânicos votaram nesta semana contra uma saída deste tipo, e, em seguida, a favor do adiamento do Brexit. Eles devem se pronunciar novamente, na quarta-feira, sobre o acordo de saída fechado com Bruxelas, já rejeitado duas vezes.

"Meu voto foi ignorado, por isso faço uso do meu segundo direito, o de protestar pacificamente", explicou Steve Coward, 61.

Sunderland, localizada a cerca de 450 km de Londres, foi escolhida como ponto de partida por ser uma cidade simbólica. No referendo de 2016, 61% votaram ali a favor do divórcio da União Europeia.

Mesmo antes da saída do Reino Unido do bloco europeu, a cidade, de 275 mil habitantes, já começa a sofrer as consequências do Brexit: a montadora japonesa Nissan descartou vários projetos para sua fábrica na cidade, a mais importante que tem no continente europeu, citando as "incertezas persistentes" causadas pelo divórcio.

- 'Polarizados' -

O itinerário prevê 20 etapas e, pelo menos, três horas de passeata por dia até 29 de março. Como muitos outros, Christopher Tregellis, que veio de York, a 100 quilômetros, percorrerá apenas uma etapa.

"Os políticos nos esqueceram", estima o aposentado, que caminhará hoje e amanhã para "mostrar seu compromisso".

"É uma marcha simbólica, para homenagear o voto das pessoas", explicou a deputada trabalhista Kate Hoey, defensora do Brexit. "É apenas o começo", assinala, estimando que outros deputados antieuropeus irão participar da passeata.

A 15 dias da data teórica do Brexit, as passeatas se multiplicam no Reino Unido, uma amostra das divisões entre os britânicos desde o referendo de 2016. "Embora a verdadeira divisão não seja entre os que votaram para sair ou ficar, e sim entre os políticos e o povo", assinalou Farage.

Do lado oposto, o movimento "A People's Vote", que mobilizou cerca de 700 mil pessoas em Londres em outubro passado, convocou uma grande manifestação para o próximo dia 23 na capital, a fim de pedir um novo referendo.

Edmund Shines, um britânico-irlandês residente no País de Gales, pretende participar. Para isso, iniciou uma marcha solitária desde Swansea, no litoral. "Um longo passeio até Londres para entender", explicou Shines, que já completou metade do percurso. Ele diz estar "muito preocupado, porque, com o Brexit, todo mundo se polariza muito. Aconteça o que acontecer este mês, continuaremos vivendo no mesmo país."

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