Protesto contra as armas de fogo nos EUA: manifestações ocorrem após massacre em escola que chocou o país (Paul Morigi/Getty Images)
AFP
Publicado em 11 de junho de 2022 às 17h53.
Milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades dos Estados Unidos neste sábado, 11, para se manifestar a favor de uma fiscalização mais rígida da venda e posse de armas de fogo após os massacres recentes, incluindo o em uma escola no Texas que chocou o país.
"Me junto a eles para reiterar meu apelo ao Congresso: faça alguma coisa", escreveu o presidente americano, Joe Biden, em sua conta no Twitter, em apoio aos protestos planejados em Washington e muitas outras cidades.
Today, young people around the country once again march with @AMarch4OurLives to call on Congress to pass commonsense gun safety legislation supported by the majority of Americans and gun owners.
I join them by repeating my call to Congress: do something.
— President Biden (@POTUS) June 11, 2022
Em 24 de maio, um estudante de 18 anos matou 19 alunos e dois professores depois de invadir uma escola primária em Uvalde, Texas, perto da fronteira mexicana, com um fuzil de assalto semiautomático. Alguns dias antes, um supremacista branco da mesma idade havia assassinado dez negros em Buffalo, no nordeste dos Estados Unidos.
Esses últimos massacres, e os inúmeros tiroteios que não chegam às manchetes, provocaram novos chamados a se unirem para exigir uma melhor legislação sobre o acesso a armas de fogo.
"É hora de voltar às ruas", pede o 'March for Our Lives', movimento fundado por vítimas e sobreviventes do massacre na escola secundária de Parkland, na Flórida (sudeste), que já havia organizado uma manifestação massiva em Washington em março de 2018.
No sábado, as primeiras centenas de manifestantes chegaram ao enorme obelisco da capital americana. Um deles levava um cartaz com o desenho de um fuzil de assalto e "assassino de crianças" escrito em vermelho.
No gramado da área, foram instalados milhares de vasos com flores brancas e alaranjadas, representando o aumento da violência no país desde 2020, ano em que 45.222 pessoas foram mortas por armas de fogo, segundo a Giffords, associação de origem deste memorial.
"Seja quem for, caminhe conosco", escreveu David Hogg, figura importante da "March for Our Lives", em um editorial da Fox News na sexta-feira.
"Se concordarmos que matar crianças é inaceitável, então precisamos impedir que essas pessoas tenham armas nas mãos ou precisamos agir de maneira proativa para que não o façam".
As pessoas "estão fartas e é hora de pressionar o Congresso a fazer alguma coisa", acrescentou o jovem.
Biden, retomando os elementos de um discurso apaixonado que fez logo após o massacre na escola de Uvalde, também pediu aos legisladores que "aprovem leis de bom senso sobre a segurança das armas de fogo".
O presidente democrata voltou a listar as reformas que espera do Congresso: proibir a venda livre de fuzis de assalto e carregadores de alta capacidade; fortalecer as verificações de antecedentes, inclusive psicológicas, dos compradores; exigir que os civis mantenham suas armas trancadas; incentivar a denúncia em casos de medo de potenciais ações; e tornar os fabricantes de armas mais responsáveis perante o Estado.
"Não podemos voltar a falhar com o povo americano", escreveu no Twitter.
Biden repetiu sua promessa de reprimir a violência com armas de fogo que os sucessivos governos não conseguiram conter.
Mas em um país onde quase um em cada três adultos possui pelo menos uma arma, os conservadores se opõem fortemente a qualquer movimento que considerem que possa ir contra os direitos dos "cidadãos cumpridores da lei".
A Câmara dos Deputados votou na quarta-feira para proibir a venda de fuzis semiautomáticos e carregadores de alta capacidade para menores de 21 anos, entre outras coisas.
A medida quase não tem chance de ser aprovada no Senado, onde precisa do apoio de dez conservadores.
Ao mesmo tempo, representantes de ambos os partidos estão reunidos para tentar encontrar um texto de compromisso que possa reunir a maioria necessária.