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Maluquice ou lucidez? O plano de Donald Trump para dominar o espaço

Até 2020, o presidente americano quer a criação de uma "Força Espacial". Proposta ainda precisa ser aprovada pelo Congresso

Espaço: citando ameaças da Rússia e China, Casa Branca quer proteger sistemas de comunicação civil e militar com novo braço militar (scyther5/Thinkstock)

Espaço: citando ameaças da Rússia e China, Casa Branca quer proteger sistemas de comunicação civil e militar com novo braço militar (scyther5/Thinkstock)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 11 de agosto de 2018 às 06h00.

Última atualização em 11 de agosto de 2018 às 06h00.

São Paulo – Até 2020, o presidente americano, Donald Trump, quer que um sexto braço das forças armadas dos Estados Unidos esteja pronto para atuar. A chamada “Força Espacial” será o primeiro ramo militar a ser criado desde 1947, quando nasceu a Força Aérea americana.

O anúncio dos planos foi feito nesta semana pela gestão republicana e contou, é claro, com um tuíte de Trump para reforçar a importância dessa proposta. “Força Espacial com tudo!”, escreveu o presidente em sua rede social favorita, o Twitter.

O objetivo da medida, explicou a Casa Branca, é o de proteger os sistemas comerciais, como os satélites do Sistema de Posicionamento Global (GPS), bem como os sistemas de inteligência militar, que incluem sensores para rastrear o lançamento de mísseis.

“Infelizmente, potenciais adversários reconhecem a importância do espaço para os EUA e estão trabalhando para impedir que tenhamos acesso a esses sistemas em uma crise”, diz o documento da Casa Branca. Os adversários, no caso, são Rússia e China e as ameaças seriam suas armas antissatélite, “que podem ser ativadas nos próximos anos”, diz o texto.

A estratégia do republicano não é uma novidade. A Câmara dos Representantes tentou aprovar em 2017, já no governo Trump, uma proposta para que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos criasse uma divisão militar dedicada a combates no espaço. Na ocasião, no entanto, a Casa Branca e o secretário de Defesa, James Mattis, se opuseram à medida. Trump, agora, mudou de ideia.

A empreitada é ambiciosa e deve custar bilhões de dólares. Para se tornar realidade, no entanto, precisa ser aprovada pelo Congresso. Ainda assim, a notícia foi alvo de chacota nas redes sociais. As piadas seguiram com ainda mais força depois do vazamento de um e-mail da equipe de Trump, pedindo que as pessoas se manifestassem sobre o melhor “logo” para o novo braço militar.

https://twitter.com/fivefifths/status/1027604977768955904

Piadas à parte, a ideia de “Força Espacial” é maluquice ou lucidez? “Os EUA estão é correndo atrás”, diz a EXAME Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em segurança e defesa. "Os americanos têm uma dependência excessiva da internet, principalmente no âmbito militar, embora tenha sido isso que os colocou na vanguarda da revolução tecnológica nesta área”. Quaisquer ameaças às comunicações podem colocar em xeque essa vantagem estratégica.

“China e Rússia estão desenvolvendo capacidades para derrubar e interromper comunicações via satélite. Então, essa Força Espacial, em teoria, concentraria os esforços para proteger essa vantagem, tornando os americanos capazes de cegar seus oponentes”, diz o professor.

Ainda não há previsão sobre quando o Congresso examinará a questão, mas, para Rudzit, é bem possível que a criação deste novo braço seja aprovada, o que lançaria o mundo rumo a uma corrida espacial e a militarização do espaço. “Temo, contudo, que isso seja inevitável”, diz.

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