OPERÁRIOS ACOMPANHAM ANÚNCIO DA FORD: fábrica prevista para o México foi cancelada pela montadora / Rebecca Cook/ Reuters
Da Redação
Publicado em 3 de janeiro de 2017 às 17h24.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h37.
Donald Trump só assume a presidência no dia 20, mas sua sombra paira sobre a economia americana. Nesta terça-feira, a montadora Ford anunciou o cancelamento dos planos de construir uma fábrica de 1,6 bilhão de dólares na cidade de San Luis Potosí, cerca de 365 quilômetros da capital do país. No lugar, vai ampliar uma unidade já existente em Flat Rock, Michigan. Segundo a companhia, a modernização do complexo industrial irá sair por 700 milhões de dólares e deve incorporar 700 novos postos de trabalho, para produzir carros híbridos e elétricos. Trump, no Twitter, comemorou a decisão da montadora. “A América irá se tornar o maior imã para inovação e criação de emprego do mundo”, escreveu.
O presidente da Ford, Mark Fields, negou que a decisão tenha a ver com os incansáveis discursos de Trump, que prometeu aumentar as taxas para quem fabricasse fora dos Estados Unidos e vendesse os produtos no país. Desde junho de 2015, Trump ameaçava taxar a Ford caso levasse a cabo os planos de investimento em fábricas no México.
Ainda nesta terça-feira Trump acusou a montadora General Motors de fabricar o modelo Cruze no México — o que levou a GM a afirmar que o modelo é feito nos EUA. Em novembro, a fabricante de aparelhos de ar-condicionado Carrier fechou um acordo com o presidente eleito e concordou em manter empregos no país. Em dezembro, Trump pressionou duas fabricantes de aeronaves, a Lockheed Martin e a Boeing, sob alegações de que aviões vendidos para o governo estavam caros demais.
O capitalismo americano foi forjado na premissa de que as empresas devem dar retorno a seus acionistas – e que acionistas felizes e empresas saudáveis são a base da força econômica do país. Trump, um empresário que fez de tudo para não pagar seus próprios impostos, tem ideias bem diferentes. Para ele, primeiro devem vir os interesses do país. É uma experiência totalmente nova, que ninguém sabe se terá vencedores. O perdedor, por enquanto, é conhecido: o México, que ano passado teve um superávit de 58 bilhões de dólares em negociações de bens e serviços com os americanos.