A França tem uma onda de protestos nos últimos dias (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 2 de julho de 2023 às 11h52.
Última atualização em 3 de julho de 2023 às 07h47.
Os distúrbios provocados pela morte de um jovem de 17 anos pela polícia, na semana passada, continuaram na França na madrugada deste domingo, com uma nova noite de violência, menos intensa que as anteriores, mas com mais de 700 detidos, segundo o governo.
Um dos incidentes mais graves ocorreu em L'Haÿ les Roses, pequena cidade nos subúrbios de Paris, onde um carro invadiu a casa do prefeito durante a madrugada e depois pegou fogo.
O incidente feriu levemente a mulher do prefeito, Vincent Jeanbrun, e um de seus filhos. Jeanbrun denunciou, em um comunicado no Twitter, "uma tentativa de assassinato de covardia indescritível".
O Ministério do Interior anunciou um total de 719 detenções em todo o país durante a madrugada de domingo, presos por porte de objetos que podem ser utilizados como armas ou projéteis. Na madrugada anterior, o número foi de 1.300 detidos, o maior desde terça-feira.
"Noite mais tranquila graças à ação determinada das autoridades", disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin, no Twitter.
Pela segunda noite consecutiva, o ministro mobilizou 45 mil polícias e gendarmes — 7 mil apenas em Paris e nos subúrbios da capital, com reforços em Marselha (sul) e Lyon (centro-leste), as principais cidades afetadas na véspera pelo confrontos.
O presidente francês, Emmanuel Macron, que no sábado decidiu adiar sua visita à Alemanha, vive sua segunda grande crise em poucos meses, após as manifestações contra sua polêmica reforma da previdência.
Essa seria a primeira visita de um chefe de Estado francês ao país em 23 anos. Macron disse ao presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que pretende permanecer no país nos próximos dias para acompanhar a situação dos protestos.
Macron também anunciou uma reunião sobre a situação na noite deste domingo com seu primeiro-ministro, o ministro do Interior e o ministro da Justiça.
Na última terça-feira, um policial matou com um tiro Nahel, de 17 anos, quando o adolescente se negou a obedecer as ordens de dois agentes durante uma operação de controle de trânsito em Nanterre, o que desencadeou uma onda de violência em todo o país. Nahel foi enterrado no sábado em Nanterre, perto de Paris, na presença de sua mãe, avó e várias centenas de pessoas. O policial de 38 anos que atirou nele está sob custódia desde terça-feira, acusado de homicídio culposo.
Nos bairros mais populares, jovens relembram as revoltas que abalaram a França em 2005, após a morte de dois adolescentes perseguidos pela polícia.
Em Marselha, na avenida Canebière, coração da segunda maior cidade da França, um grande número de policiais, com o apoio de unidades de elite, conseguiu dispersar os grupos que causaram o caos no dia anterior.
Em Paris, a polícia implantou um forte dispositivo de segurança na avenida Champs-Élysées, onde as vitrines foram protegidas com tábuas de madeira. Na tentativa de conter a espiral de violência, muitos municípios franceses, principalmente na região de Paris, também impuseram toque de recolher e proibiram ônibus e bondes a partir das 21h.