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Mais de 60 milhões de crianças não foram vacinadas entre 2019 e 2021 devido à pandemia

Das 67 milhões de crianças cujo esquema de vacinação foi "gravemente interrompido", 48 milhões não receberam de forma completa as vacinas sistemáticas

"Nos últimos três anos, mais de uma década de ganhos duramente conquistados na imunização infantil de rotina erodiram", adverte o Unicef (Pedro Vilela/Getty Images)

"Nos últimos três anos, mais de uma década de ganhos duramente conquistados na imunização infantil de rotina erodiram", adverte o Unicef (Pedro Vilela/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 20 de abril de 2023 às 07h02.

Última atualização em 20 de abril de 2023 às 07h58.

Um total de 67 milhões de crianças foram privadas total ou parcialmente de suas vacinas de rotina entre 2019 e 2021 devido aos fechamentos e às interrupções no atendimento médico causados pela pandemia de Covid-19, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira, 19.

"Nos últimos três anos, mais de uma década de ganhos duramente conquistados na imunização infantil de rotina erodiram", adverte o Unicef em um relatório divulgado hoje, ressaltando que retornar aos níveis anteriores "será um desafio".

Das 67 milhões de crianças cujo esquema de vacinação foi "gravemente interrompido", 48 milhões não receberam de forma completa as vacinas sistemáticas, destaca o Unicef, o que faz temer possíveis surtos de poliomielite e sarampo.

A cobertura de vacinação infantil diminuiu em 112 países e a porcentagem de menores vacinados em todo o mundo caiu 5 pontos, para 81%, um mínimo inédito desde 2008. A África e a Ásia Meridional foram especialmente afetadas.

"É preocupante que o retrocesso durante a pandemia aconteça após uma década em que, em termos gerais, o crescimento da imunização infantil havia estagnado", destaca o relatório.

As vacinas salvam 4,4 milhões de vidas por ano, um número que, segundo as Nações Unidas, pode aumentar para 5,8 milhões em 2030 se suas metas ambiciosas de "não deixar ninguém para trás" forem cumpridas.

"As vacinas desempenharam um papel muito importante de permitir que mais crianças tenham uma vida longa e saudável", disse à AFP Brian Keeley, redator-chefe do relatório. "Qualquer queda nas taxas de vacinação é preocupante."

Antes da introdução de uma vacina, em 1963, o sarampo matava cerca de 2,6 milhões de pessoas anualmente, a maioria crianças. Em 2021, este número havia caído para 128 mil.

Entre 2019 e 2021, no entanto, a porcentagem de crianças vacinadas contra o sarampo caiu de 86% para 81%, e o número de casos em 2022 dobrou em relação a 2021.

Confiança em queda

A queda das taxas de vacinação poderia ser agravada por outras crises, desde as mudanças climáticas até a insegurança alimentar, alertou Keeley. "Há cada vez mais conflitos, estagnação econômica em muitos países, emergências climáticas, etc. Tudo isto torna cada vez mais difícil para os sistemas de saúde e os países atender às necessidades de vacinação."

O Unicef fez um chamado aos governos para que "redobrem seu compromisso de aumentar o financiamento da imunização", a fim de "implementar e acelerar com urgência os esforços de vacinação, para proteger as crianças e prevenir surtos de doenças".

O relatório também expressa preocupação com a queda da confiança da população nas vacinas, observada em 52 dos 55 países pesquisados.

"Não podemos permitir que a confiança nas imunizações sistemáticas se converta em outra vítima da pandemia", declarou a diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell. "Caso contrário, a próxima onda de mortes pode ser de mais crianças com sarampo, difteria ou outras doenças evitáveis."

A confiança nas vacinas pode ser "volátil e específica no tempo", aponta o relatório. O texto assinala que "novas análises serão necessárias para determinar se os resultados são indicativos de uma tendência de mais longo prazo". No geral, afirma que o apoio às vacinas "se mantém relativamente forte".

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