Iemenitas verificam os estragos na mesquita de Badr, em Sana (Mohammed Huwais/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2015 às 14h17.
Sana - Mais de 140 pessoas morreram nesta sexta-feira em três atentados contra mesquitas na capital do Iêmen, Sanaa, em ações reivindicadas pelo grupo Estado Islâmico (EI).
Além disso, cerca de 150 pessoas também ficaram feridas nesses atentados, os mais sangrentos desde a entrada dos huthis na capital no final de janeiro.
Uma facção síria do EI no Iêmen reivindicou os atentados em um comunicado postado na internet.
Desde então, o país tem mergulhado em uma crise, aprofundada pelos jihadistas da Al-Qaeda que, assim como os huthis, se opõem ao presidente Abd Rabbo Mansour Hadi.
Os ataques em Sana ainda não foram reivindicados, mas a utilização de ataques suicidas corresponde ao modo operatório da Al-Qaeda na Península Arábica (Aqpa), inimiga dos huthis e ativa no sul e sudeste do país.
Durante a tradicional oração de sexta-feira, um homem-bomba se explodiu no interior da mesquita de Badr, sul da capital, seguido de outro na porta por onde passavam os fieis, segundo testemunhas do ocorrido.
Um terceiro suicida se explodiu na mesquita de Al Hashahush, no norte da cidade.
Os huthis fazem suas orações nessas mesquitas e entre os mortos está o imã da mesquita de Badr e importante líder religioso da milícia, Al-Mourtada ben Zayd al-Muhatwari, segundo uma fonte médica.
Em frente às mesquitas, vários corpos jaziam em poças de sangue, enquanto os fieis transportavam os feridos para hospitais próximos.
Presidente ora em Aden
Um quarto ataque suicida ocorreu em Saada, reduto dos huthis no norte do país, onde um homem-bomba se explodiu na entrada de uma mesquita, sem causar vítimas, já que as forças de segurança tinham impedido sua entrada, de acordo com uma fonte miliciana.
Enquanto as esperanças suscitadas pela abertura de um diálogo patrocinado pela ONU para livrar o Iêmen da crise estão quase mortas, observadores sugerem um sério risco de guerra civil no país.
Os huthis tomaram o palácio presidencial em Sana em 20 de janeiro e cercaram a residências de Hadi e de outras autoridades iemenitas. Em 6 de fevereiro, anunciaram a dissolução do Parlamento e o estabelecimento de um Conselho presidencial.
Estas medidas foram descritas como "golpe de Estado" por Hadi, que, pouco depois, conseguiu fugir de Sana e se refugiar em Aden, a capital do sul.
Desde a revolta popular de 2011, na esteira da Primavera Árabe, que preciptou a queda do presidente Ali Abdullah Saleh, o governo central tem sido marginalizado pelos huthis e Aqpa que aumentaram sua influência.
E, prova do enfraquecimento do poder, Hadi, o presidente reconhecido internacionalmente, foi levado na quinta-feira para um "lugar seguro" após um ataque aéreo contra seu palácio em Aden e combates entre suas forças e as de um general rebelde, Abdel Hafez al-Sakkaf, que rejeitou uma ordem de expulsão do chefe de Estado.
As tropas fieis ao presidente retomaram o controle de Aden e Hadi, que havia denunciado "o fracasso de uma tentativa de golpe", apareceu em público orando nesta sexta-feira em uma mesquita da cidade.
O general Sakkaf, que mantém relações com os huthis e o ex-presidente Saleh, escolheu fugir para Sana, mas seu comboio foi emboscado, de acordo com um funcionário. Ele não se feriu, mas quatro guarda-costas foram mortos.
A situação era calma nesta sexta-feira em Aden, onde as forças pró-Hadi reforçaram seu controle com vários bloqueios nas estradas, de acordo com correspondentes da AFP.
Os huthis, suspeitos de receberem apoio do Irã, chegaram em setembro de 2014 em Sana, vindos de Saada, e estenderam sua influência para o oeste e centro do país.